TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR (06/08)

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR – 2ª classe
O Redentor quis manifestar a sua majestade no mistério da Transfiguração para mostrar que no meio do sofrimento há consolação e para nos deixar um símbolo sensível da glória que nos espera no outro mundo.
Estando na Galileia, mais ou menos um ano antes da Paixão, Cristo escolheu como testemunhas da sua glória os três discípulos prediletos que mais tarde testemunhariam a agonia no Jardim das Oliveiras: Pedro, Tiago e João.
Ele providenciou três testemunhas, para que seu depoimento não fosse posto em dúvida e, ao mesmo tempo, não quis mostrar publicamente sua glória para nos ensinar a manter em segredo as graças e favores espirituais que recebemos. Quem se orgulha destas graças não é guiado pelo Espírito de Deus, mas pelo amor próprio ou pelo orgulho que o expõe a ilusões perigosas.
Os verdadeiros discípulos de Cristo amam as trevas e, sem deixar de convidar todas as criaturas a louvarem a Deus com eles, têm como lema as palavras de Isaías (XXIV, 16): “O meu segredo para mim” [sic]. Dessa forma, evitam que lhes seja atribuída a glória que só é devida a Deus. Por isso, Jesus Cristo quis realizar o milagre da sua Transfiguração longe dos olhos dos homens e conduziu os três Apóstolos escolhidos a um monte, depois de lhes anunciar que, segundo o seu costume, queria retirar-se para rezar na solidão.
A tradição afirma, como observam São Cirilo de Jerusalém, São João Damasceno e outros Santos Padres, que o Senhor foi ao Monte Tabor, que se ergue como uma espécie de torre na planície da Galiléia. Esse foi o lugar onde o Filho de Deus foi mostrado em toda a sua glória.
A Transfiguração aconteceu enquanto ele orava, porque na oração é onde geralmente as almas recebem as consolações divinas e saboreiam a doçura da doçura de Deus. Muitos cristãos desconhecem este efeito da oração, porque nunca se dedicaram a ela com fervor e perseverança, nem procuraram separar-se das criaturas através da humildade, da abnegação e da mortificação dos sentidos. Quem não é puro de coração não verá a Deus.
O cristão bem disposto recebe do Espírito Santo o espírito de oração e torna-se cada vez mais purificado, espiritualizando seus afetos. A Transfiguração do Senhor é, entre outras coisas, o protótipo eminente da transfiguração dos afetos do cristão.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. III, ano 1965, p. 273)

