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História do Tempo Pascal
CAPÍTULO I: História do Tempo Pascal Ano Litúrgico – Dom Prospero Gueranger Definição de Tempo de Páscoa – O termo Tempo Pascal se refere ao período de semanas que vai do Domingo de Páscoa até o sábado depois de Pentecostes. Esta parte do ano litúrgico é a mais sagrada, aquela para a qual converge todo o ciclo. Isto se compreenderá facilmente se considerarmos a grandeza da festa da Páscoa, que a antiguidade cristã embelezou com o nome de Festa das Festas, Solenidade das Solenidades, do mesmo modo que, como nos diz São Gregório Papa na sua Homilia neste grande dia, o mais augusto do Santuário era chamado Santo dos Santos,…
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SÁBADO SANTO
SÁBADO SANTO Ano Litúrgico – Dom Prospero Gueranger PELA MANHÃ Jesus no túmulo – A noite passou sobre o túmulo onde repousa o corpo do Homem-Deus. Mas se a morte triunfa nas profundezas desta gruta silenciosa; se tem entre seus laços Aquele que dá vida a todos os seres, seu triunfo será muito curto; os soldados vigiam em vão na entrada do túmulo; não serão capazes de manter o divino cativo quando ele voltar. Os santos Anjos adoram com profundo respeito o corpo inanimado daquele cujo sangue “purificará o céu e a terra”[1]. Este corpo, separado da alma por um breve momento, permaneceu unido ao Verbo; a alma que momentaneamente…
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A SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO E MORTE DO SENHOR
A SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO E MORTE DO SENHOR Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger PELA MANHÃ Jesus condenado por Caifás – O sol banha as paredes e pináculos do templo de Jerusalém. Os Pontífices e Doutores da lei ignoraram seu brilho para satisfazer seu ódio contra Jesus. Anás, que recebeu o primeiro ao prisioneiro divino, ordena que o levem ao seu genro Caifas. O indigno Pontífice se atreveu a interrogar o próprio Filho de Deus. Jesus, desdenhando responder, recebe a bofetada de um servo. Eles haviam preparado falsas testemunhas que vieram declarar suas mentiras diante daquele que é a Verdade última; tentativa inútil, porque o testemunho proferido será contraditório. Então, o…
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A QUINTA-FEIRA SANTA “IN CENA DOMINI”
A QUINTA-FEIRA SANTA “IN CENA DOMINI” Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger OFÍCIO NOTURNO Caráter do Ofício – O Ofício de Matinas e Laudes dos três últimos dias da Semana Santa difere em muitas coisas dos demais dias do ano. A Igreja suspende as aclamações de alegria e esperança com as quais geralmente começa o louvor divino. Já não é mais ouvido ressoando no templo o Domine, labia mea aperies, nem Deus in adiuntorium meum intende, nem Gloria Patri no final dos salmos, dos cânticos e dos responsórios. Os ofícios retêm apenas o que é essencial para sua forma e todas essas aspirações de vida que foram adicionadas ao…
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A QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA
A QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger A última reunião do Sinédrio – Hoje os príncipes dos sacerdotes e anciãos se reúnem em uma sala do templo para deliberar pela última vez sobre os meios para prender Jesus. Vários planos foram discutidos. Será sábio tomá-lo nestes dias da Páscoa, em que toda a cidade está cheia de estrangeiros que só conhecem a Jesus pela ovação de que foi submetido três dias antes? Não estão lá entre os habitantes de Jerusalém muitos que aplaudiram este triunfo? Não seria temer o seu entusiasmo cego por Jesus? Não, não se pode pensar, por enquanto, sobre essas medidas violentas, pois uma…
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A TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA
A TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger A figueira amaldiçoada – Neste dia Jesus retorna a Jerusalém bem cedo pela manhã. Ele quer ir ao templo e confirmar seus últimos ensinamentos lá. Claramente prevê que o resultado de sua missão começará. Ele mesmo disse aos seus discípulos: “Dentro de dois dias a Páscoa será celebrada e o Filho do homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26,1). Os discípulos que marcharam na companhia de seu mestre na estrada de Betânia para Jerusalém ficam espantados ao ver a figueira que Jesus havia amaldiçoado no dia anterior. Secou como um tronco cortado, das raízes às folhas. Pedro se aproxima…
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A SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA
A SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger A figueira amaldiçoada – Jesus retorna a Jerusalém com seus discípulos bem cedo pela manhã. Partiu ainda de estômago vazio e, segundo o Evangelho, no meio de sua jornada sentiu fome: o Senhor se aproxima de uma figueira: só tem folhas. Querendo nos ensinar uma lição, Jesus amaldiçoa a figueira, que seca instantaneamente. Então Ele anuncia a punição daqueles que estão satisfeitos com os bons desejos sem produzir frutos da conversão. A alusão a Jerusalém não era menos condenativa. Esta cidade cheia de zelo pela adoração externa tinha corações teimosos. E endurecido, não demoraria muito para descartar e crucificar o…
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O SEGUNDO DOMINGO DA PAIXÃO OU DE RAMOS
O SEGUNDO DOMINGO DA PAIXÃO OU DE RAMOS Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger Saída de Betânia – Jesus, deixando em Betânia sua mãe Maria, Marta e Maria Madalena com seu irmão Lázaro, vai neste dia, muito cedo, a Jerusalém acompanhado por seus discípulos. Maria estremece quando seu filho se aproxima de seus inimigos que pretendem derramar seu sangue, com tudo isso, Jesus não vai a Jerusalém hoje para buscar a morte, mas para triunfar. É necessário que o povo proclame o Messias rei antes de ser crucificado, que, diante das águias romanas, na presença dos pontífices e fariseus, mudos de raiva e estupor, as vozes das crianças ressoem misturadas com…
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A SEXTA-FEIRA DA I SEMANA DA PAIXÃO
A SEXTA-FEIRA DA I SEMANA DA PAIXÃO Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger Em Roma a Estação é celebrada na Igreja de Santo Estevão, no Monte Célio. Neste dia que foi dedicado a Maria Rainha dos Mártires, é curioso lembrar que para uma espécie de pressentimento profético, esta Igreja dedicada ao primeiro mártir já era designada desde a antiguidade mais remota, para a reunião dos fiéis. COLETA – INFUNDI, Senhor, Vos rogamos, a vossa graça em nossos corações, a fim de que, reprimindo os nossos pecados pela mortificação voluntária, soframos antes as penas temporais, do que a condenação aos suplícios eternos. Por Nosso Senhor. Ó DEUS, em cuja Paixão…
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AS SETE DORES DE MARIA SANTÍSSIMA
AS SETE DORES DE MARIA SANTÍSSIMA Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger A compaixão de Nossa Senhora – A piedade dos últimos tempos consagrou esta época de modo especial à memória das dores que Maria sofreu aos pés da cruz do divino Filho. A semana seguinte é dedicada inteiramente à celebração dos mistérios da Paixão do Salvador; e embora a recordação de Maria compassiva esteja também presente no coração dos fiéis, que seguem piedosamente todos os atos desse drama, as dores do Redentor, o espetáculo formado pela divina misericórdia e justiça, unindo-se para operar nossa redenção, eles se preocupam demasiada vivacidade com o pensamento, para que seja possível honrar, como merece,…