SÃO VICENTE STRAMBI (25/09)

SÃO VICENTE STRAMBI, Bispo e Confessor
Vicente Strambi, filho de um boticário de Civita Vecchia, nasceu em 1º de janeiro de 1745. Parece ter sido uma criança travessa e animada que gostava de participar das brincadeiras dos meninos, mas entre uma de suas travessuras e outra, costumava tirar o casaco ou os sapatos para dar a algum pequeno esfarrapado. A inclinação religiosa de Vicente logo se tornou evidente, e seus pais a encorajaram e o aconselharam a estudar para o sacerdócio diocesano.
O menino assim o fez, mas durante um retiro anterior à ordenação, foi influenciado por São Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas, e em 20 de setembro de 1768, após lutar contra a oposição paterna, ingressou no noviciado da congregação. Quase desde o início, foram-lhe confiados cargos importantes: as suas missões públicas atraíram grande número de fiéis e a messe de almas foi abundante.
Assim que foi ordenado sacerdote, foi nomeado professor de teologia e oratória sacra e, a partir dos trinta e cinco anos, ocupou, um após o outro, os cargos de maior responsabilidade na congregação. Em 1781 foi provincial e, após vinte anos de trabalho para superar as muitas dificuldades que surgiram devido à situação caótica da Itália, foi nomeado bispo de Macerata e Tolentino em 1801, contra a sua vontade.
O zelo incansável pela maior glória de Deus e pela manutenção da disciplina regular que Vicente empregou durante o seu episcopado resultou numa extraordinária renovação de fervor, tanto entre o clero como entre os leigos, em toda aquela região da Itália.
Em 1808, recusou-se a prestar o juramento de submissão ao império de Napoleão Bonaparte, foi expulso de sua diocese e teve que fazer o melhor que podia para administrá-la à distância e por carta. Após a queda de Napoleão, em 1813, ele retornou a Macerata em meio a jubilosas manifestações populares, mas ainda não superou os reveses.
Quando Napoleão escapou do seu exílio na ilha de Elba, a cidade de Macerata tornou-se o quartel-general do bonapartista Murat e do seu exército de dez mil homens. Perto dali a batalha foi travada contra os austríacos que derrotaram completamente as forças de Murat, e estes, durante a sua fuga desordenada, começaram a saquear a cidade de Macerata, quando o Bispo Vicente, como outro São Leão, saiu para enfrentar as hordas furiosas, ele conjurou Murat para impor a ordem e, finalmente, salvou a cidade da rapacidade desencadeada dos soldados derrotados.
O gesto intrépido do santo pastor teve que ser repetido pouco depois com os mesmos bons resultados, diante dos exércitos vitoriosos da Áustria que entraram em Macerata quando os franceses partiram. A cidade deve sua salvação a ele. Depois desses acontecimentos, eclodiu uma epidemia de tifo e houve uma terrível escassez de provisões e, no decorrer dessas calamidades, o bispo manteve a moral e a confiança em Deus com o seu exemplo heroico.
Várias das reformas disciplinares que impôs provocaram um ressentimento tão profundo que, alega-se, foi feita mais de uma tentativa de assassiná-lo.
Após a morte do Papa Pio VII, o Bispo Strambi renunciou ao seu cargo e, a pedido de Leão XII, seu amigo, estabeleceu residência no Quirinal, onde atuou como conselheiro confidencial do Papa.
Durante todas essas vicissitudes, Vicente não diminuiu em nada as austeridades e penitências da sua vida privada, mas a essa altura as suas forças estavam esgotadas e, tal como havia predito a Beata Anna Maria Taigi, filha de confissão do bispo, ele recebeu a santa comunhão pela última vez, em 31 de dezembro, e faleceu no dia seguinte, 1º de Janeiro de 1824, precisamente quando completou setenta e nove anos. São Vicente Strambi foi canonizado em 1950.
(BUTLER, Vida de los Santos de: vol. III, ano 1965, pp. 666-667)

