SÃO SILVÉRIO (20/06)

SÃO SILVÉRIO, Papa e Mártir – Comemoração
Silvério, filho do Papa São Hormisdas, nada mais era do que subdiácono em 22 de abril de 536, dia da morte do Pontífice Santo Agapito I, em Constantinopla; mas nessa data, Teodeade, o rei ostrogodo da Itália, que temia o aparecimento de um candidato bizantino, forçou-o a ocupar o cargo de bispo de Roma. Apesar de tal imposição, o clero romano aceitou voluntariamente Silvério após a sua consagração.
A Imperatriz Teodora escreveu-lhe imediatamente pedindo-lhe que reconhecesse os monofisitas Antônio Severo como patriarcas de Constantinopla e Antioquia, respectivamente; o Papa Silvério respondeu com uma recusa categórica, embora expressa em linguagem diplomática gentil, e consta que, ao lacrar o envelope com a carta-resposta, declarou ter acabado de assinar a sua sentença de morte. Ele tinha razão: Teodora era uma mulher implacável que não tolerava oposição; mas ela sabia esperar por uma oportunidade para puni-lo.
O general ostrogodo Vitiges, na sua tentativa de tomar Roma, chegou aos subúrbios e devastou-os; na cidade, o Papa e os membros do Senado, para evitar a catástrofe, abriram as portas a um inimigo dos ostrogodos, o guerreiro bizantino Belisário; e então Teodora teve sua oportunidade. Primeiro ela usou de astúcia: forjou uma carta na qual o Papa Silvério aparecia como um traidor nas relações com os godos e a distribuiu.
No entanto, esse estratagema falhou e a imperatriz recorreu então à violência: o Papa Silvério foi sequestrado e levado para Patara, na Lícia, na Ásia Menor. No dia seguinte ao sequestro, o bizantino Belisário, pressionado por sua esposa Antonina, proclamou diácono Vigílio, o candidato designado pela Imperatriz Teodora, Papa. Assim começou um período desastroso para o Papado.
Aparentemente, o imperador Justiniano foi mantido na ignorância do que estava acontecendo em Roma; mas assim que o bispo de Patara o entrevistou para informá-lo detalhadamente, ele não pôde deixar de agir sobre o assunto: ordenou que fosse feita uma investigação e que Silvério partisse imediatamente para Roma para assumir o comando da sé.
Assim que o Papa tocou terras italianas, os apoiantes de Vigílio bloquearam o seu caminho e capturaram-no. Antonina, esposa de Belisário, ansiosa por bajular Teodora, convenceu o marido a ordenar aos captores do Papa que fizessem o que achassem adequado com o cativo. Consequentemente, Silvério, contrariado e espancado pelos soldados, foi escoltado até a solitária ilha de Palmarola, no mar Tirreno, em frente a Nápoles, e ali abandonado à sua sorte.
Poucos dias depois, naquela ilha, ou talvez na ilha vizinha de Ponza, o Papa morreu devido aos maus tratos recebidos e à falta de recursos naquela solidão. Segundo Liberato, que escreveu o que ouviu dizer, ele morreu de fome; mas Procópio, contemporâneo de Silvério, garante que o Papa foi assassinado ao chegar à ilha, por um dos soldados que recebeu instruções de Antonina nesse sentido. Seja como for, São Silvério é comemorado como mártir.
Não ficou claro como foi regularizada a nomeação de Vigílio para a Sé Pontifícia; mas sabe-se que, assim que ocupou o trono de São Pedro, sua protetora, a imperatriz, deixou de favorecê-lo, pois relutava em apoiar suas intrigas em favor dos monofisitas, proclamou-se partidário da ortodoxia e ele fez tudo o que se poderia esperar de um Papa.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 601-602)

