SÃO PAULO I (28/06)

SÃO PAULO I, Papa e Confessor
O sucessor do Papa Estêvão III no trono de São Pedro foi Paulo, seu irmão mais novo. Os dois receberam a educação ao mesmo tempo na escola de Latrão, juntos foram elevados à dignidade de diáconos pelo Papa São Zacarias, e Paulo sempre esteve intimamente ligado a Estêvão, de quem cuidou com ternura na sua última enfermidade.
Não é de surpreender que, ao ascender ao papado, ele tenha preservado rigorosamente a política do irmão. Um contemporâneo, cujos escritos aparecem no Líber Pontificalis, presta homenagens eloquentes ao carácter pessoal do Papa Paulo e destaca a sua bondade, a sua clemência e a sua magnanimidade. Ele estava sempre disposto a ajudar os necessitados e nunca retribuiu o mal com o mal.
Muitas vezes, ele aproveitava as sombras da noite para entrar furtivamente nas prisões para resgatar devedores pobres presos; em algumas ocasiões, ele conseguiu libertar prisioneiros condenados à morte. Se falhou na justiça, foi por excesso de misericórdia.
O pontificado de Paulo, que durou dez anos, gozou de relativa paz no exterior, devido às suas boas relações com o rei Pepino, e de completa tranquilidade em casa, devido ao seu governo firme – não deveríamos dizer “firme”, porque é uma palavra que sugere dureza –; mas assim foi; A firmeza da administração de Paulo I contrasta fortemente com a bondade e doçura de caráter que lhe são atribuídas pelo Líber Pontificalis.
Ao mesmo tempo, os registos do seu pontificado constituem uma longa história de diplomacia política; nas palavras do Bispo Mann: “Através de um esforço incansável de diplomacia, Paulo I impediu os lombardos, por um lado, e os gregos, por outro, de fazer ou tentar fazer qualquer coisa contra os poderes temporais recém-adquiridos do Sumo Pontífice, com habilidade brilhante, ele conseguiu deixar os grandes e sérios eventos prontos para acontecer.”
Ele sempre manteve boas relações com o rei Pepino, a quem enviou cartas extremamente corteses, presentes (até um órgão) e relíquias dos mártires.
Na própria Roma, as atividades do Papa assumiram uma forma ainda mais concreta. Como as catacumbas haviam sido reduzidas a escombros pela decadência do tempo e pela passagem dos bárbaros, o Papa dedicou-se a transferir as relíquias de muitos santos e Mártires para as igrejas da cidade.
Entre os restos mortais que recuperou estavam os de Santa Petronila, suposta filha de São Pedro, que foram sepultados num mausoléu recentemente restaurado que, com o tempo, ficou conhecido como Capela dos Reis de França. O santo Pontífice construiu ou reconstruiu uma igreja de São Pedro e São Paulo e também ergueu um oratório em honra de Nossa Senhora dentro da sua própria igreja de São Pedro.
Na mansão da família, que converteu em mosteiro dedicado aos Papas Santo Estêvão I e São Silvestre, instalou monges gregos que escaparam à perseguição iconoclasta. A igreja anexa, reconstruída pelo Papa e colocada ao serviço dos refugiados religiosos, tomou o nome de São Silvestre in Capite, porque ali se conservava uma cabeça que os gregos trouxeram do Oriente e que era, dizia-se, a de São João Batista.
Onze séculos depois, a mesma igreja, novamente reconstruída, foi cedida ao culto dos católicos ingleses pelo Papa Leão XIII. O Papa Paulo I estava em São Paulo Fora dos Muros, para onde tinha ido escapar do verão opressivo de Roma, quando foi atacado por uma febre que se revelou fatal. Ele morreu em 28 de junho de 767.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 669-670)

