Oratório São José

SÃO KEVIN DE GLENDALOUGH (03/06)

Santo do dia

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SÃO KEVIN DE GLENDALOUGH, Abade

Na vanguarda do grupo de santos que glorificaram a Irlanda no século VI está São Kevin, um dos principais santos padroeiros de Dublin. Foi ele quem fundou ali a famosa Abadia de Glendalough, que se tornou um dos quatro grandes centros de peregrinação da Irlanda e deu origem à máxima de que sete visitas a Glendalough equivalem a uma peregrinação a Roma.
A história de São Kevin é contada em diferentes versões escritas em latim e irlandês, nenhuma das quais é verdadeiramente antiga. Somente por conjectura poderiam ser extraídos os eventos reais escondidos sob as lendas pitorescas e descrições interessantes de costumes.
Diz-se que o santo, descendente de reis, nasceu em Leinster, precisamente no Forte da Fonte Branca. São Conan o batizou com o nome de Coemgen, que os anglos converteram em Kevin, o “bem-estar” . A partir dos sete anos, seus pais o enviaram para estudar com os monges e ele permaneceu com eles até a juventude. Após sua ordenação, se sentiu movido a buscar a solidão, e então um Anjo apareceu para conduzi-lo às alturas de Glendalough, ao Vale dos Dois Lagos.
Naquela bela região selvagem, vestido de peles de animais, sem outro leito senão pedras e sem outro alimento senão ortigas e acerolas, plantas que permaneciam verdes em todas as estações, permaneceu sete longos anos. Durante aquele período de existência tão austera, “os galhos e folhagens das árvores costumavam cantavam-lhe doces canções, e uma música celestial aliviava a severidade de sua vida”.
Por fim, foi descoberto por um pastor de gado chamado Dima, que acabou convencendo o santo a abandonar a solidão. “Por respeito ao asceta e para honrá-lo”, o pastor e seus filhos fizeram uma liteira na qual carregaram o santo pela densa floresta. As árvores se curvaram para abrir caminho para eles e, quando a liteira e seus carregadores passaram, elas se endireitaram novamente.
Na localidade de Disert-Coemgen, onde hoje fica a igreja de Refert, São Kevin se estabeleceu com os discípulos que vieram se reunir ao seu redor. Durante muito tempo, diz a legenda, uma simpática lontra chegava diariamente com um salmão na boca para fornecer alimento aos ascetas. Mas uma vez “ocorreu a Cellach”, filho de Dima, “que a pele da lontra poderia ser transformada num magnífico par de luvas”. A lontra, “embora fosse apenas um animal, adivinhou os pensamentos de Cellach e, a partir desse momento, deixou de prestar serviços aos monges”.
Talvez pela escassez de alimentos, São Kevin mudou sua comunidade para outro ponto mais alto do vale, “onde se encontravam dois riachos de água limpa”. Lá, em Glendalough, ele estabeleceu sua fundação permanente, para a qual logo começaram a afluir numerosos discípulos.
Para implorar as bênçãos do céu para si e para os seus monges, São Kevin empreendeu uma peregrinação a Roma, e conta a sua história que, “graças às relíquias sagradas e à terra abençoada que trouxe consigo, nenhum santo do Erin obteve mais favores de Deus do que Coemgen, com exceção apenas de Patrício.
O rei Colman, de Ui Faelain, deixou seu filho mais novo aos cuidados de São Kevin depois que seus outros filhos “foram destruídos pelas pessoas mundanas das ricas cortes”. Como não havia “vacas” ou “boolies” no vale, o santo chamou um cervo que viu com seus filhotes, para dar metade do seu leite ao filhinho do rei. Mas um lobo veio devorar os filhotes. Então Coemgen fez grandes milagres. Começou ordenando ao lobo perverso que tomasse o lugar dos filhotes, e a fera o fez, adotando-se mansamente ao cervo. E desta forma o pequeno Faelan foi criado, pelas maravilhosas obras de Deus e de Coemgen.
Em Félire de Oengus, uma referência a Kevin é feita em uma quadra que diz:
“Soldado de Cristo nas terras do Erin,
o eco das ondas diz seu duro nome,
nobre Coemgen, guerreiro forte e puro,
no vale dos lagos, com um rumor sem fim.”
O santo abade mantinha uma amizade íntima com São Kieran de Clonmacnois. São Kevin visitou-o em seu leito de morte, onde ficou inconsciente, mas assim que o abade chegou recuperou a consciência para ter uma longa conversa com ele e dar-lhe um sino como presente de despedida.
Quando São Kevin já tinha idade bastante avançada, manifestou o desejo de empreender uma nova peregrinação, mas foi dissuadido por um velho sábio a quem consultou. “Os pássaros não incubam os ovos quando estão voando”, disse-lhe o conselheiro, e São Kevin permaneceu em seu mosteiro. Diz-se que ele morreu aos 120 anos. Sua festa é celebrada em toda a Irlanda.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 449-450)

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