Oratório São José

SÃO CLODOALDO (07/09)

Santo do dia

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SÃO CLODOALDO, Confessor

Com a morte de Clóvis, rei dos francos, no ano 511, o reino foi dividido entre seus quatro filhos, dos quais o segundo foi Clodomiro. Treze anos depois, pereceu numa luta contra o seu primo Gondomar, rei da Borgonha (o monarca que anteriormente assassinara São Sigismundo da Borgonha, chamado de mártir no Martirológio Romano), que deixou três filhos para partilharem os seus domínios.

O mais novo desses filhos de Clodomiro era São Clodoaldo, nome que em francês se pronuncia Cloud e existe uma grande cidade chamada Saint-Cloud, perto de Versalhes. Os três filhos cresceram sob os cuidados da avó, Santa Clotilde, viúva do rei Clóvis, que lhes dedicou toda a sua ternura e preocupação em sua casa em Paris, enquanto o reino era administrado pelo tio Childeberto.

Quando Clodoaldo tinha oito anos, seu tio forjou uma conspiração, junto com seu irmão mais novo, Clotário de Soissons, para se livrar dos três príncipes a fim de manter o reino. Um parente de Childeberto foi enviado à casa de Clotilde para exigir que ela escolhesse entre a alternativa de mandar matar os filhos ou aprisioná-los para sempre em algum mosteiro.

O mensageiro distorceu a resposta da angustiada rainha de tal forma que ela parecia ter escolhido a morte dos filhos, então, sem perder tempo, Clotário agarrou o mais velho, Tebaldo, e o esfaqueou. O segundo príncipe, Gunther, fugiu aterrorizado para buscar refúgio com seu tio Childeberto, que tremia de medo, comovido com o massacre brutal e tentou protegê-lo. Mas Clotário, alheio a qualquer sentimento de piedade, arrancou a criança dos braços de Childeberto e matou-o também. O único que escapou foi Clodoaldo, que foi levado às pressas para o mais longe possível para viver escondido na Provença.

Childeberto e Clotário compartilharam os frutos de seu crime horrível, e Clotário não fez nenhuma tentativa de recuperar o reino quando atingiu a maioridade. Ele já tinha visto o suficiente do que era a política para desprezá-la, bem como as vanglórias do mundo, e retirou-se voluntariamente desde muito jovem para a cela de um eremita. Depois de algum tempo de vida solitária, colocou-se sob a direção e disciplina de São Severino, um eremita que morava perto de Paris; dirigiu-se então para Nogent, às margens do Sena, onde construiu a sua ermida no local onde hoje fica a cidade de Saint-Cloud.

O santo não desistiu da tarefa de instruir o povo de toda a região envolvente e terminou os seus dias em Nogent, por volta de 560, quando não tinha mais de trinta e seis anos. Num jogo de palavras com seu nome, já que Cloud é pronunciado como “clou”, que significa prego, o santo é venerado na França como o padroeiro dos fabricantes de pregos.

Justamente enojado com a brutalidade monstruosa da política merovíngia, ilustrada pelo assassinato dos filhos de Clodomiro, Alban Butler acrescenta a seguinte reflexão de Pico della Mirandola, um humanista do século XV:

“Alguns pensam que a maior felicidade de um homem neste mundo é desfrutar das dignidades e poderes e viver entre as riquezas e esplendores de uma corte. Vós sabeis que já tive minha parte em tudo isso; mas garanto-vos que minha a alma já não pode encontrar a verdadeira satisfação, exceto no retiro e na contemplação. Estou convencido de que se os Césares pudessem falar desde os seus túmulos, declarariam que o Pico é mais feliz na sua solidão do que no governo do mundo; e se os mortos pudessem voltar à vida, escolheriam as dores de uma segunda morte em vez de arriscar novamente a sua salvação em cargos públicos.”

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. III, ano 1965, pp. 504-505)

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