SÃO BONIFÁCIO (14/05)

SÃO BONIFÁCIO, Mártir – Comemoração
Aparentemente, o culto a São Bonifácio de Tarso data apenas do século IX, embora o seu martírio tenha ocorrido no ano 306. Por outro lado, é evidente que os registros contêm muitos detalhes imaginários, embora a substância seja provavelmente histórica. A vida do santo pode ser resumida da seguinte forma:
No início do século IV, vivia em Roma uma mulher chamada Aglaé, nobre, rica e bela, gostava de atrair a atenção dos seus concidadãos e, para isso, ofereceu por duas vezes ao povo um espetáculo público que pagou do próprio bolso. O mordomo de Aglaé, chamado Bonifácio, vivia em pecado com ela. Bonifácio era licencioso e dissoluto, mas também generoso, hospitaleiro e muito gentil com os pobres.
Um dia, Aglaé pediu-lhe que fosse ao Oriente trazer-lhe algumas relíquias, “porque – explicou – ouvi dizer que aqueles que honram os mártires de Cristo partilharão com eles a glória e os cristãos do Oriente se permitem ser torturados e mortos por Cristo.” Bonifácio preparou-se para a viagem, pediu à sua ama uma grande soma de dinheiro e disse-lhe: “Se houver relíquias no Oriente, eu as trarei para ti. Mas não é impossível que em vez disso lhe trouxessem meu corpo como uma relíquia.” A partir desse momento, Bonifácio mudou completamente; durante a viagem não provou carne nem vinho, jejuou muito e passou longas horas em oração.
Naquela época, a Igreja atravessava um período de paz no Ocidente; por outro lado, no Oriente, Galério Maximiano e Maximino Daya continuaram a perseguição de Diocleciano, com particular violência na Cilícia, onde governava o selvagem Simplício. Bonifácio foi a Tarso, capital da província, e imediatamente foi ver o governador. Simplício estava precisamente enviando vinte cristãos para o tormento. Bonifácio correu para se juntar a eles e gritou: “Grande é o Deus dos cristãos! Grande é o Deus dos mártires! Rezem por mim, servos de Jesus Cristo, para que eu seja digno de acompanhá-los na luta contra o diabo.” O governador, furioso, ordenou que ele fosse preso e ordenou que lascas afiadas fossem cravadas em suas unhas e que chumbo derretido fosse derramado em sua boca. O povo, enojado com a crueldade do governador, começou a gritar: “Grande é o Deus dos cristãos!”
Simplício retirou-se muito alarmado, perante a perspectiva de uma revolta popular. Mas no dia seguinte ele mandou chamar Bonifácio e o condenou à morte num caldeirão fervente. Quando o mártir saiu ileso da provação, um soldado cortou-lhe a cabeça. Os servos de Bonifácio compraram seu corpo, embalsamaram-no e levaram-no consigo para a Itália. Aglaé saiu ao seu encontro na Via Latina, a um quilômetro de Roma, à frente de um grupo de amigos carregando tochas. Ali mesmo ela ergueu um santuário para as relíquias de seu mordomo.
Quando ela morreu, quinze anos depois, em penitência por seus pecados, foi enterrada ao lado dele. Em 1603 foram descobertas as supostas relíquias do santo, juntamente com as de Santo Aleixo, na igreja que antes se chamava São Bonifácio e atualmente leva o nome de Santo Aleixo.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 293-294)

