Santos Anjos da Guarda (02/10)

Santos Anjos da Guarda – 3ª classe
Anjo é uma palavra grega que significa mensageiro. Os Anjos são Espíritos puríssimos, individuais, mas sem corpo, aos quais Deus deu maior inteligência e poder que aos homens. Seu trabalho consiste em louvar a Deus, servir como mensageiros e cuidar dos homens. Os teólogos sustentam por unanimidade que Deus designa um Anjo como guardião de cada homem, mas tal afirmação nunca foi definida pela Igreja e, consequentemente, não é de fé. Os Anjos da Guarda nos ajudam a ir para o Céu, nos defendem do inimigo, nos ajudam a rezar e nos estimulam à virtude. Eles fazem isso através da nossa imaginação e dos nossos sentidos, sem afetar diretamente a nossa vontade, por isso a nossa cooperação é necessária.
O salmista diz: “Deus enviou seus Anjos para te guardar e guiar em todos os teus caminhos”. Em outro lugar acrescenta: “O Anjo do Senhor armará a sua tenda perto dos que temem a Deus e os livrará dos seus inimigos”.
O patriarca Jacó pediu ao Anjo bom que abençoasse seus dois netos, Efraim e Manassés: “Que o Anjo que me libertou de todos os males, abençoe estes jovens”. E Judite disse: “O Anjo do Senhor me acompanhou durante a viagem até lá, durante a minha estadia lá e durante a viagem de volta”. Cristo exortou-nos a evitar escandalizar os pequenos, porque os seus Anjos estão diante da presença de Deus e pedir-lhe-ão que castigue aqueles que prejudicam os seus protegidos. A ideia de que Deus designa um Anjo para cuidar de cada homem era tão difundida no mundo judaico que, quando São Pedro foi milagrosamente libertado da prisão, a primeira coisa que os discípulos pensaram foi que se tratava de obra do “seu Anjo”.
Desde os primeiros tempos da Igreja, a honra litúrgica foi prestada aos Anjos. O ofício de Dedicação da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Via Salária (29 de setembro), e o mais antigo dos sacramentários romanos, denominado “Leonino”, aludem indiretamente nas orações ao ofício de guardiães desempenhado pelos Anjos. Desde a época de Alcuíno (falecido em 804), existe uma Missa votiva “ad suffragia Angelorum postulada [Para pedir o auxílio dos Anjos]”, e o próprio Alcuíno fala duas vezes em sua correspondência sobre Anjos da Guarda.
Não é inteiramente certo que o costume de celebrar esta Missa seja de origem inglesa, mas a verdade é que o texto de Alcuíno está incluído no Missal de Leofric, que data do início do século X. A Missa votiva dos Anjos costumava ser celebrada na segunda-feira, como comprova o Missal de Westminster, composto por volta do ano de 1375. Na Espanha, a tradição diz que cada uma das cidades também tem seu Anjo da Guarda.
Assim, por exemplo, um ofício do ano de 1411 alude ao Anjo da Guarda de Valência. Fora da Espanha, Francisco de Estaing, bispo de Rodez, obteve uma bula do Papa Leão X na qual o referido Pontífice aprovava um ofício especial para a comemoração dos Anjos da Guarda em 1º de março. A devoção aos Anjos também era difundida na Inglaterra. Heriberto Losinga, bispo de Norwich, falecido em 1119, falou com grande eloquência sobre o assunto.
Por outro lado, a conhecida oração que começa com “Angele Dei qui custos es mei” deve-se provavelmente à pena do versificador Reginald de Canterbury, que viveu na mesma época. O Papa Paulo V autorizou uma missa e um serviço especial, a pedido de Fernando II da Áustria, e concedeu a celebração da festa dos Santos Anjos em todo o império. Clemente X a estendeu como festa obrigatória para toda a Igreja Ocidental em 1670 e fixou a data da celebração como o primeiro feriado após a festa de São Miguel.
(BUTLER, Vida de los Santos de: vol. IV, ano 1965, pp. 9-10)

