Oratório São José

SANTA JULIANA FALCONIERI (19/06)

Santo do dia

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SANTA JULIANA FALCONIERI, Virgem – 3ª classe

Santa Juliana foi uma das duas glórias da nobre família Falconieri, junto com seu tio, Santo Aleixo, um dos Sete Santos Fundadores da Ordem Servita. Seu pai, Chiaríssimo, e sua mãe, Riguardata, eram um casal muito devoto e rico, que financiaram toda a construção da magnífica igreja da Annunziata, em Florença.

Tanto ele e como ela já haviam passado da meia-idade após longos anos de casamento sem terem tido filhos, quando Juliana nasceu em 1270, atendendo às constantes orações do casal. Após a morte de Chiaríssimo, ocorrida quando Juliana era muito jovem, seu tio Alexo dividiu com Riguardata a tarefa de educá-la.

Juliana nunca se importou com as diversões e ocupações que interessavam às meninas de sua idade e preferia passar o tempo na igreja ou em exercícios devocionais. Sua mãe costumava lhe dizer que se ela negligenciasse a agulha e a roca, seria difícil para ela encontrar um marido. Mas aquela ameaça não causou medo em Juliana e, ao descobrir que sua família estava em negociações com outras pessoas para arranjar um casamento de conveniência, chamou a sós o tio e a mãe e anunciou sua decisão inflexível de consagrar-se a Deus e renunciar ao mundo.

Naquela época, ela tinha apenas quinze anos. Depois de receber instruções detalhadas e profundas de Santo Aleixo, recebeu o hábito de Servita de São Filipe Benício, na igreja da Annunziata e, um ano depois, fez a profissão como terciária da ordem.

Aparentemente, o ritual utilizado naquela ocasião era idêntico ao utilizado para receber a profissão de monge Servita. Juliana continuou em sua casa, e Riguardata, que inicialmente se opusera à profissão da filha, acabou se colocando sob sua direção.

Juliana tinha trinta e quatro anos quando perdeu a mãe, em 1304, e depois saiu de casa para se mudar para outra, onde levou vida comunitária com diversas outras mulheres que se dedicaram à oração e às obras de misericórdia. Seu hábito lembrava o dos monges da Ordem Servita, exceto que, para facilitar o trabalho manual, usavam mangas um pouco mais curtas, razão pela qual receberam o apelido de “Mantellate”, termo que mais tarde foi aplicado ao terciário em geral.

Após repetidas recusas e às súplicas das suas companheiras, Juliana aceitou o cargo de superiora e elaborou um código de regulamentos que foi oficialmente confirmado pelo Papa Martinho V, cento e vinte anos depois. Da mesma forma que a Ordem dos Servos de Maria é atribuída a São Filipe Benício, porque foi ele quem escreveu a sua constituição, Santa Juliana também é venerada como fundadora de todos os setores religiosos da Ordem Servita, apesar de ela não ter sido a primeira a aparecer em suas fileiras.

Os seus contemporâneos e as religiosas que tiveram o privilégio de ser guiadas por ela testemunham que o seu zelo, a sua caridade e as suas austeridades eram extraordinárias. Todos os que tinham algum relacionamento com ela desfrutavam de sua bondade afetuosa; ele nunca perdeu uma oportunidade de ajudar os outros, especialmente quando se tratava de reconciliar inimigos, resgatar pecadores e socorrer os enfermos.

Suas mortificações afetaram gravemente sua saúde e, no final da vida, sofreu muito de distúrbios gástricos. Adquiriu o hábito de comungar três vezes por semana e lhe causava muita dor deixar de fazê-lo durante sua última enfermidade, porque seus vômitos frequentes a impediam de receber o Sacramento. Juliana morreu em 1341, aos setenta e um anos, e foi canonizada em 1737.

Na recolha de dados para a canonização de Santa Juliana faz-se referência ao acontecimento milagroso com que a Sagrada Eucaristia a consolou nos seus últimos momentos. Da mesma forma, em memória desse acontecimento, as religiosas da ordem usam, na parte superior esquerda do hábito, sobre o peito, a figura de uma Hóstia rodeada de raios. Foi declarado que ainda existe um documento escrito dezoito dias após a morte de Santa Juliana, na presença de numerosas testemunhas que cercavam seu leito. O original está em latim e sua tradução é esta:

“Ele deixou uma lembrança de suas palavras maravilhosas” (Sl 110, 4). Recordemos como, há dezoito dias, nossa Irmã Juliana morreu e voou para o céu para se reencontrar com seu esposo Jesus. Aconteceu assim:

Tinha mais de setenta anos e o seu estômago estava tão enfraquecido, pelas penitências que se impunha voluntariamente, pelos jejuns, pelas correntes, pelos cintos de aço, pelas disciplinas, pelas vigílias, pelas mortificações e abstinências, que não podia ingerir ou reter qualquer alimento.

Ao saber que, por esse motivo, seria privada do Viático do Santíssimo Corpo de Cristo, ninguém imagina o quanto ela lamentou e chorou, a tal ponto que todos que a observavam temeram que morresse devido à veemência de sua dor.

Com toda a sua humildade, ela implorou ao Padre Giacomo de Campo Reggio que pelo menos lhe trouxesse o Santíssimo Sacramento numa píxide e O colocasse à sua frente. Então foi feito; mas assim que o sacerdote apareceu carregando o Corpo de Nosso Senhor, ela se jogou de bruços no chão, estendeu os braços em cruz e adorou o seu Mestre. Todos viram então que seu rosto se iluminou, como o de um anjo.

Ela implorou entre soluços que se não lhe fosse permitido juntar-se a Jesus, pelo menos lhe fosse permitido beijá-lo; mas o padre recusou. Sem cessar os gemidos, pediu que fosse estendido um véu sobre a fogueira do seu peito e colocada em cima a Hóstia consagrada. Esta graça lhe foi concedida; mas então, ó maravilhoso prodígio, a Hóstia que acabara de tocar o lugar sob o qual batia seu amoroso coração, desapareceu de vista e nunca mais pode ser encontrada.

E no preciso momento em que a Hóstia desapareceu, Juliana, com uma expressão de indescritível alegria no rosto, como se estivesse elevada em êxtase, morreu no beijo de seu Senhor para espanto e admiração de todos os presentes: testemunhas: Irmã Juana, Irmã Maria, Irmã Isabel, Padre Giacomo e outros da casa.

A citada Irmã Juana tornou-se a Beata Juana Soderini (1º de setembro), que sucedeu a fundadora no cargo de superiora geral.

O mais curioso do caso é que a escrita não menciona o fato de ter sido encontrada na carne, no lado esquerdo do peito da santa, uma marca redonda, em forma de Hóstia, como se verificou posteriormente. Nenhuma das autoridades no assunto fez menção a este prodígio antes de 1384, data em que apareceu um manuscrito intitulado “Giornale o Ricordi”, escrito pelo monge servita Nicola Mati, que inclui uma frase sobre o assunto.

O monge disse textualmente, ao se referir à Beata Joana Soderini: “Ela foi a santa discípula que descobriu, antes da Irmã Isabel ou de qualquer outra, no peito de Santa Juliana, a incrível maravilha da figura de Cristo na cruz, gravada em sua carne, dentro de um círculo como uma hóstia.”

É preciso admitir, porém, que o Padre Mati fala do prodígio como algo que, na sua época, era bem conhecido de todos.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 594-596)

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