SANTA ISABEL DE PORTUGAL (08/07)

SANTA ISABEL DE PORTUGAL, Rainha e Viúva – 3ª classe
Isabel era filha de Pedro III de Aragão. Ela nasceu em 1271. No batismo recebeu o nome de Isabel em homenagem à sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria. O nascimento da menina já era um símbolo da atividade pacificadora que desenvolveria ao longo da vida, pois, graças à sua vinda ao mundo, o seu avô, Jaime, que então ocupava o trono, e o seu pai fizeram as pazes.
A jovem princesa tinha um caráter gentil e, desde cedo, demonstrou grande inclinação para a piedade e a bondade. Procurou imitar todas as virtudes que via praticadas ao seu redor, porque lhe ensinaram que era conveniente combinar a mortificação da própria vontade com a oração para obter a graça de superar a inclinação inata ao pecado. Infelizmente, os pais muitas vezes se esquecem disso e acostumam os filhos a desejar desproporcionalmente as coisas deste mundo e a satisfazer todos os seus caprichos.
Certamente, a infância não é a idade do jejum, mas é o tempo em que se pode aprender a submissão, a obediência e o respeito pelo próximo. Nenhuma penitência é mais educativa para uma criança do que habituar-se a não comer entre as refeições, a suportar com paciência a não realização de todos os seus desejos e a não complicar a vida dos outros. A vitória de Santa Isabel sobre si mesma se deveu à educação que recebeu na infância.
Aos doze anos, Isabel casou-se com o rei Dionísio de Portugal. Este monarca admirava mais o nascimento nobre, a beleza e a riqueza de sua esposa do que suas virtudes. Contudo, ele permitiu que ela praticasse livremente suas devoções, sem se sentir chamado a imitá-la. Isabel levantava-se muito cedo para rezar matinas, laudes e prima antes da Missa; à tarde, continuava suas devoções depois das Vésperas. Naturalmente, dedicou algumas das lágrimas do dia ao desempenho dos seus deveres domésticos e públicos.
Comia com moderação, vestia-se com recato, era humilde e afável com os vizinhos e vivia consagrada ao serviço de Deus. Sua virtude característica era a caridade. Ela fazia o que era necessário para que não faltasse abrigo aos peregrinos e aos pobres estrangeiros e ela mesma se encarregava de procurar e ajudar os necessitados; além disso, ela fornecia dotes a donzelas sem recursos.
Fundou instituições de caridade em várias partes do reino; estas incluíam um hospital em Coimbra, um lar para mulheres arrependidas em Torres Novas e um hospício para crianças abandonadas. Apesar de todas estas atividades, Isabel não negligenciou os seus deveres, especialmente o respeito, o amor e a obediência que devia ao marido, cujas infidelidades e abandonos suportou com muita paciência. Porque, embora Dionísio fosse um bom governante, ele era um homem cruel.
Na sua carreira pública foi justo, corajoso, generoso e compassivo, mas na sua vida privada foi egoísta e licencioso. A rainha fez todo o possível para atraí-lo para a virtude, pois estava muito triste com os pecados do marido e com o escândalo que ele causou a respeito deles, e não deixou de rezar pela sua conversão. Sua bondade era tão grande que ela cuidava amorosamente dos filhos naturais de seu marido e se encarregava de sua educação.
Santa Isabel teve dois filhos: Alfonso, que seria o sucessor de seu pai, e Constância. Desde muito jovem, Alfonso deu sinais de ter um caráter brilhante devido, em parte, à preferência que seu pai dava aos filhos naturais; ele pegou em armas em duas ocasiões e em ambas a rainha conseguiu restaurar a harmonia.
Mas línguas más começaram a espalhar o boato de que Isabel apoiava secretamente a causa do filho e o rei a baniu da corte por um tempo. A rainha realmente possuía um talento notável como pacificadora; assim, conseguiu evitar a guerra entre Fernando IV de Castela e seu primo e entre o mesmo príncipe e Jaime II de Aragão.
O rei Dionísio adoeceu gravemente em 1324. Isabel dedicou-se ao asilo, por isso mal saía da câmara real, exceto para ir à Missa. Durante sua longa e dolorosa doença, o monarca demonstrou sincero arrependimento. Faleceu em Santarém, a 6 de janeiro de 1325.
A rainha peregrinou então a Santiago de Compostela e decidiu retirar-se para o convento das Clarissas que fundara em Coimbra. Mas o seu confessor dissuadiu-a e Isabel acabou professando na Ordem Terceira de São Francisco.
Passou os últimos anos de santidade numa casa que mandou construir perto do convento que fundou. A causa da paz, pela qual trabalhou durante toda a sua vida, foi também a ocasião da sua morte.
Com efeito, a santa faleceu no dia 4 de julho de 1336 em Estremoz, para onde tinha ido em missão de reconciliação, apesar da idade e do calor insuportável. Foi sepultada na igreja do mosteiro das Clarissas de Coimbra. Deus abençoou seu túmulo com vários milagres. A canonização ocorreu em 1626.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. III, ano 1965, pp. 42-44)

