NOSSA SENHORA DOS ANJOS OU DA PORCIÚNCULA (02/08)

NOSSA SENHORA DOS ANJOS OU DA PORCIÚNCULA

Patrona da Costa Rica

Hoje a Igreja universal celebra a Virgem Maria na invocação de Nossa Senhora dos Anjos, mas na República Centro-Americana da Costa Rica a festa tem um significado muito especial, pois, por decreto da Assembleia Constituinte, a Virgem de Los Angeles foi proclamada Padroeira Nacional da Costa Rica, como justa resposta à profunda devoção que o povo costarriquenho sempre lhe professou.

Em Cartago, uma das cidades mais importantes do país e que foi sua capital até a primeira metade do século passado, permanece um dos santuários mais célebres da América Central, um edifício de pedra de estilo colonial que é constantemente visitado por fiéis que vêm prostrar-se diante da imagem, esculpida na pedra, com o Menino Jesus nos braços e vestida à moda espanhola, cuja história se confunde inevitavelmente com a lenda.

Reza a tradição popular que, no dia 2 de agosto de 1636, uma velha índia saiu da pobre cabana onde vivia em Cartago para ir buscar lenha seca na serra vizinha, como era seu costume. Naquele dia, a velha descobriu sobre uma rocha a graciosa imagem da Virgem Maria com o Menino nos braços.

Agradavelmente surpresa com a descoberta, ela esqueceu a lenha, embrulhou a estatueta no xale e correu de volta para sua cabana para guardá-la em um frasco de couro, com medo de que alguém a privasse de seu tesouro. No dia seguinte, ela foi até a montanha buscar lenha e ficou surpresa ao ver na mesma rocha a mesma imagem que ela pensava estar guardada em sua casa. Recuperando-se do estupor, ela pegou novamente a estatueta e escondeu-a com mais cuidado; mas dois dias depois, a Virgem estava novamente na rocha da montanha.

A índia, assustada, dirigiu-se então à cidade para contar ao padre o que estava acontecendo. A pedido do padre, a velha foi em busca da imagem que ficou guardada em segurança na casa do padre. Aconteceu, porém, que a imagem também desapareceu da casa do padre e foi encontrada na rocha da montanha.

A repetição do acontecimento fez com que os frades franciscanos de Cartago e as autoridades civis, chefiadas pelo governador, interviessem no assunto. A notícia do singular acontecimento espalhou-se, e as autoridades e o povo transportaram a imagem, em procissão solene, até à igreja paroquial de Cartago.

Poucos dias depois, a estátua desapareceu da igreja e foi encontrada novamente na rocha. Todos compreenderam então que a Virgem queria permanecer naquele lugar e, com grande entusiasmo e verdadeiro zelo, construíram um caramanchão na rocha para proteger a efígie e, ao mesmo tempo, começaram a cavar os alicerces do futuro santuário. Este foi construído rapidamente, graças à colaboração eficaz de toda a cidade que, dois anos depois, conseguiu entronizar a sua amada Virgem, saudando-a com o título de Nossa Senhora dos Anjos, por ter aparecido no dia 2 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Virgem com este nome.

A devoção dos costarriquenhos à Mãe de Deus não faltou desde então. Peregrinações de milhares de fiéis vêm continuamente ao santuário para implorar a sua ajuda, e são inúmeras as graças que reconhecem ter recebido das suas mãos. Isto é atestado pela riqueza e imponência que envolve o trono do altar-mor, onde a imagem benta se encontra sob um dossel de jóias, entre as quais merecem ser mencionados um peitoral de esmeraldas e uma rica coroa de ouro e pedras finas.

Em 1736, o bispo da diocese declarou feriado o dia 2 de agosto e, em 1824, o primeiro Congresso da República emitiu um decreto anunciando que: “A Virgem de Los Angeles, Mãe de Deus e Nossa Senhora, é e será doravante Padroeira do Estado da Costa Rica.”

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. III, ano 1965, pp. 245-246)