Oratório São José

A Segunda-feira da I Semana da Quaresma

Ano Litúrgico - Dom Próspero Gueranger

0:00

A SEGUNDA-FEIRA DA I SEMANA DA QUARESMA

O Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger

INTRODUÇÃO AO DIA

Todas as férias da Quaresma têm Missa própria, enquanto que nas férias do Advento se repete sensivelmente a Missa do Domingo anterior. A riqueza da Liturgia na santa Quaresma nos ajuda poderosamente a adentrarmos no pensamento da Igreja ao multiplicar a expressão de sentimentos que pretende inspirarmos. Extratamos na Missa ferial a coleta que é sempre a oração mais solene, a Epístola, o Evangelho e a oração que se canta sobre o povo ao fim da Missa. O conjunto constitui solidíssima instrução e desfila diante de nossos olhos tudo o que as Sagradas Escrituras contem de mais substancial e acomodado ao tempo em que vivemos.

A Estação em Roma se celebra em São Pedro “ad vincula”; construída esta Igreja no século V, guarda e honra as cadeias do Príncipe dos Apóstolos.

COMENTÁRIOS SOBRE OS TEXTOS DA MISSA

COLETA – VOLTAI-VOS para nós, ó Deus, nosso Salvador, e, para que nos aproveite o jejum quaresmal, instrui as nossas almas com as vossas celestes doutrinas. Por Nosso Senhor.

EPÍSTOLA – Leitura do Profeta Ezequiel – ASSIM diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo procurarei minhas ovelhas e as visitarei; Assim como um pastor, durante o dia, cuida do seu rebanho, quando se acha no meio de suas ovelhas que estavam dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as libertarei dos lugares em que se haviam dispersado, em dia nublado ou de escuridão. Tirá-las-ei dentre os povos e as reunirei de diversos países e as levarei à sua terra. Eu as farei pastar nas montanhas de Israel, ao longo dos regatos e nas regiões habitáveis do país. Às campinas mais férteis eu as levarei a pastar e os altos montes de Israel serão o lugar de sua pastagem: aí descansarão na relva verdejante e em pastos abundantes pastarão sobre as montanhas de Israel. Eu mesmo farei pastar as minhas ovelhas e as farei descansar, diz o Senhor Deus. Procurarei o que estava perdido; recolherei o que estava disperso; ligarei o que estava quebrado, fortificarei o que estava fraco. E conservarei o que estava gordo e forte. E, como é justo, as apascentarei, diz o Senhor onipotente.

O BOM PASTOR – Nosso Senhor aqui se mostra como um Pastor cheio de amor por suas Ovelhas. Ele é verdadeiramente para os homens como um pastor durante este tempo de misericórdia. Uma parte do seu rebanho se desgarrava e andava de um lado para o outro em meio às trevas deste mundo; mas Jesus não os esqueceu. Ele foi em busca deles, para que pudesse juntá-los. Ele os procurou através de desertos solitários, lugares rochosos e selvas. Por isso, Ele agora fala através de sua Igreja e convida a todos ao seu rebanho. Ele encoraja docemente os desgarrados, pois, talvez eles possam ter medo e vergonha de aparecer diante dele, depois de tantos pecados. Ele promete que, se voltarem, serão alimentados nas pastagens mais ricas, perto do rio. Estarão cobertos de feridas, mas Ele os curará; estarão fracos, mas Ele os fortalecerá. Ele lhes dará mais uma vez a comunhão com os fiéis que nunca o deixaram, e Ele mesmo morará com eles para sempre. Que o pecador, então, ceda a esse terno amor; que ele não se recuse a fazer os esforços necessários para sua conversão. Se esses esforços de penitência parecem dolorosos para a natureza, lembremo-nos daqueles dias felizes, quando estava em graça e no rebanho de seu Bom Pastor. Tudo pode ser assim novamente. O portão do aprisco está aberto e milhares de ovelhas que se desviaram estão entrando com alegria e confiança. Que os desviados se lembrem das palavras de Jesus: Haverá alegria no Céu por um pecador que faz penitência mais alegria do que por noventa e nove que não precisam de penitência (Lc 15,7).

EVANGELHO – Continuação do santo Evangelho segundo São Mateus. – NAQUELE tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando vier o Filho do homem em sua majestade; com Ele todos os Anjos, Ele se sentará no trono de sua realeza. Reunir-se-ão diante d’Ele todas as nações e Ele separará uns dos outros como o pastor separa dos cabritos as ovelhas. Ele colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, e tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e vós me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estava desabrigado e me recolhestes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e viestes ver-me. Então os justos Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando foi que Vos vimos com fome e Vos demos de comer; com sede e Vos demos a beber? Quando Vos vimos sem abrigo e Vos recolhemos, ou nu e Vos vestimos? Ou quando Vos vimos enfermo ou na prisão e fomos a Vós? E o Rei lhes responderá: Em verdade, eu vos digo que todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, o fizestes a Mim. E também assim dirá aos que estiverem à sua  esquerda: Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado para o demônio e seus anjos. Porque tive fome e não me destes a comer; tive sede e não me destes a beber; estava sem abrigo, e não me recolhestes; nu, e não me vestistes; estava doente e na prisão, e não me visitastes. Então, também eles Lhe responderão: Senhor, quando foi que tivestes fome ou sede, e Vos vimos sem abrigo ou nu, ou enfermo, ou em prisão, e não Vos socorremos? Ele lhes responderá: Em verdade eu vos digo: todas as vezes que vós não o fizestes a um destes mais pequeninos, foi a Mim que vós deixastes de o fazer. E estes irão ao suplício eterno; os justos, porém, à vida eterna.

O JUÍZO FINAL – Acabamos de ouvir um profeta do Antigo Testamento, convidando-nos a retornar ao Bom Pastor. Nosso Senhor apresenta todos os argumentos que o amor poderia conceber para persuadir Suas ovelhas perdidas a retornarem a Ele: e aqui, no mesmo dia em que a Igreja nos fala de nosso Deus como sendo um Pastor gentil e compassivo, ela descreve-o também como um juiz inflexível. Este Jesus amoroso, esse médico caridoso de nossas almas, está sentado em Seu terrível tribunal, e clama em Sua ira: Se afaste de mim, amaldiçoado, para o fogo eterno! E onde a Igreja encontrou esta terrível descrição? No Evangelho, isto é, na própria Lei do Amor. Mas, se lermos essa passagem atentamente, descobriremos que Aquele que pronuncia este terrível anátema é o mesmo Deus a quem o Profeta acaba de retratar como um Pastor cheio de misericórdia, paciência e zelo pelas Suas Ovelhas. Observe como Ele ainda é um Pastor, mesmo no seu assento de juiz: Ele separa as ovelhas dos cabritos: Ele põe as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda; a ideia, a comparação de um rebanho, ainda é mantida. O Filho de Deus exercerá Seu ofício de Pastor até o Último Dia: somente, então, o tempo terá fim e a eternidade terá começado, o reino da Justiça também terá sucedido ao reinado da Misericórdia, pois será a Justiça que considerará o bem com a recompensa prometida e punirá os pecadores impenitentes com os tormentos eternos. Como pode o cristão, que acredita que todos nos apresentaremos diante deste tribunal, recusar o convite da Igreja que agora o pressiona para reparar seus pecados? Como pode hesitar em passar por essas penitências fáceis, com as quais a Divina Misericórdia agora se digna a ser satisfeita? Verdadeiramente o homem é seu próprio e pior inimigo, se ele pode desconsiderar estas palavras de Jesus, que agora é seu Salvador, e então será seu juiz: “A menos que façais penitência, todos perecerão” (Lc 13,3).

ORAÇÃO – Oremos. Humilhai as vossas cabeças diante de Deus.

SENHOR, nós Vos suplicamos, absolvei-nos dos laços de nossos pecados e afastai, propício, o castigo que por causa deles merecemos. Por Nosso Senhor.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *