SÃO ZACARIAS, Papa e Confessor (22/03)

Faltam-nos detalhes sobre o início da vida de São Zacarias, mas sabe-se que nasceu em San Severino, numa família grega estabelecida na Calábria, e que foi diácono da Igreja Romana. Após a morte de São Gregório III, foi eleito Papa por unanimidade. Escolha melhor não poderia ter sido feita: à sua grande ciência e santidade pessoal, combinou um espírito conciliador e uma sabedoria clarividente; Ele foi capaz de enfrentar os sérios problemas que surgiram em seu novo cargo. Roma estava em uma posição de grande perigo.
Os lombardos preparavam-se novamente para invadir o Império Romano, quando o novo Papa decidiu negociar diretamente com o seu governador e foi visitá-lo a Terny. Foi recebido com respeito e sua personalidade impressionou tanto que Liutprand devolveu todo o território que havia sido tomado dos romanos nos trinta anos anteriores. Além disso, ele assinou um tratado de paz por vinte anos e libertou todos os seus prisioneiros. Assim que a paz foi feita com Roma, Liutprand preparou-se para atacar Ravenna. O exarca foi imediatamente pedir ajuda a São Zacarias.
O Papa, depois de vários esforços infrutíferos, dirigiu-se pessoalmente a Pavia, onde a sua intervenção induziu o rei a abandonar a sua ofensiva. Liutprand morreu pouco depois e seu segundo sucessor, Rachis, foi encorajado por Zacarias a se tornar monge em Monte Cassino. Mas seu irmão Aistulf era um homem completamente diferente: nos últimos anos do pontificado de São Zacarias, ele tomou Ravena, encerrando o exarcado do império bizantino e Roma foi novamente ameaçada.
As relações do Papa Zacarias com Constantinopla, onde o Imperador Constantino V apoiava a doutrina iconoclasta, não tiveram sucesso devido às convulsões políticas naquela cidade, mas no Ocidente o progresso foi contínuo. Deveu-se, em primeiro lugar, a São Bonifácio, com quem o Papa manteve contato e a quem encorajou vigorosamente.
Nesta época, o poder dos reis merovíngios estava inteiramente nas mãos dos grandes palacianos e, em 751, Pepino, o Breve, enviou um embaixador ao Papa, perguntando-lhe se não achava que aquele que exercia o comando supremo deveria ser rei. Zacarias, com igual diplomacia, respondeu que esta era a sua opinião e Pepino, consequentemente, foi eleito rei de Soissons e ungido pelo legado papal, São Bonifácio. Este acontecimento foi de grande importância, tanto para o Papado como para o poder secular.
No meio das suas numerosas atividades, o Papa Zacarias encontrou tempo para traduzir para o grego os “Diálogos” de São Gregório; ele estava sempre atento aos pobres e oprimidos; forneceu um lar para os monges expulsos de Constantinopla pelos iconoclastas; pagou o resgate no mercado romano por alguns escravos que, de outra forma, teriam sido vendidos aos sarracenos pelos venezianos; no início do seu pontificado, ameaçou de excomunhão aqueles que vendessem escravos cristãos aos judeus. Zacarias foi venerado como santo imediatamente após sua morte, ocorrida em março de 752.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. I, ano 1965, p. 630)

