Oratório São José

SÃO JOÃO E SÃO PAULO (26/06)

Santo do dia

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SÃO JOÃO E SÃO PAULO, Mártires – 3ª classe

Além do nome e do fato de serem dois cristãos martirizados em Roma, a história nada mais nos conta sobre os santos João e Paulo, que são comemorados juntos neste dia. Na verdade, em alguns círculos a sua existência é questionada. Esta incerteza deve-se, em termos gerais, ao fato de, num determinado momento do século IV, as supostas relíquias destes santos terem sido depositadas numa casa construída no monte Coeli, construção que Bizâncio, ou o seu filho São Pamáquio, amigo de São Jerônimo, transformada em igreja cristã.

É possível que a basílica construída sobre os alicerces da antiga construção, no século V, tenha sido originalmente dedicada aos Apóstolos São João e São Paulo; mas a verdade é que a igreja ficou completamente associada, pela tradição popular, aos dois santos mártires cujas supostas relíquias ali estavam guardadas e cujo culto foi extraordinariamente difundido, graças ao crédito dado às “atas” considerados autênticos, mas que, na realidade, são espúrias.

Como resultado desse culto, os nomes dos “irmãos” João e Paulo foram inseridos no cânone da Missa, bem como na litania dos santos; foram comemorados com Missa e Ofício próprios, nos sacramentais conhecidos como Gelasianum e Gregorianum e, a partir daí, passaram a ocupar lugar na liturgia gaulesa. No Gelasianum há até a sua festa precedida de vigília e jejum, embora estas práticas tenham sido logo anuladas, talvez pela sua proximidade com os jejuns das festividades do Nascimento de São João Baptista e dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.

A fama dos dois irmãos difundiu-se amplamente: entre os vários itinerários que percorreram, desde a basílica do Monte Coeli, durante a Idade Média, marcados por altares, capelas, inscrições e escritos fomentados pela devoção dos peregrinos que visitavam Roma, figura um, descoberto na cidade inglesa de Salisbury, na forma de uma coleção de manuscritos do século X.

Também Guilherme de Malmesbury, que escreveu durante o reinado de Estêvão, faz menção aos santos e, o Concílio de Oxford, em 1222, ordenou que a comemoração dos Santos João fosse escrita com base nos relatos de Terenciano, o capitão do guarda encarregado de executar os dois mártires.

Segundo esta história, os irmãos João e Paulo eram oficiais do exército, a quem o imperador Constantino encarregou da guarda que garantia a segurança da sua filha, Constância. Ela os tinha em alta estima e nomeou um dos Irmãos como seu companheiro, enquanto o outro recebeu o cargo de mordomo.

Mais tarde, o imperador os chamou para colocá-los ao serviço do general Gallicano, numa força expedicionária que foi enviada à Trácia para repelir uma invasão dos citas. Os bárbaros invasores eram inimigos formidáveis ​​e, a certa altura, a derrota das forças imperiais parecia iminente.

Uma das alas da vanguarda tinha sido isolada, vários oficiais tinham-se rendido e, nesse momento, os dois irmãos aproximaram-se de Gallicano para lhe assegurar que obteria a vitória se aceitasse abraçar a religião cristã. O general fez a promessa exigida e, imediatamente, uma legião de anjos apareceu e colocou o inimigo em fuga.

Enquanto Constantino e seus filhos sobreviveram, João e Paulo continuaram a servir e foram homenageados pela família imperial; mas, assim que o imperador Juliano proclamou a sua apostasia, mostraram-lhe a sua hostilidade.

Consequentemente, Juliano fez com que comparecessem perante a sua corte, onde se recusaram terminantemente a obedecer às suas ordens de oferecer sacrifícios aos deuses e, além disso, proclamaram a sua decisão de permanecerem firmes na fé cristã que professavam e na sua abominação pela apostasia do imperador. Eles tiveram um prazo de dez dias para considerar sua recusa.

Concluído este trabalho, Terenciano, capitão da guarda imperial, chegou com alguns de seus homens à casa onde os irmãos permaneciam sob vigilância.

A execução ocorreu ali mesmo, sem outras testemunhas além dos quatro ou cinco guardas presentes. Os corpos foram enterrados no jardim da residência do Monte Coeli, mas Terenciano e seus homens juraram calar-se e fazer crer que os dois cristãos haviam sido mandados para o exílio.

A legenda acrescenta que o imperador Joviano construiu a igreja dedicada em sua homenagem, no mesmo local onde ficava a casa.

A atual Basílica dos Santos João e Paulo, com fachada em estilo românico-lombardo, foi doada pelo Papa Clemente XIV a São Paulo da Cruz e, até hoje, está aos cuidados dos Passionistas.

As escavações realizadas em 1887, sob os alicerces da basílica, revelaram a existência de divisões da casa muito antiga, com vestígios de afrescos, alguns dos quais pertencentes ao século III.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 654-655)

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