Oratório São José

SÃO GUILHERME (25/06)

Santo do dia

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SÃO GUILHERME, Abade – 3ª classe

O fundador da congregação religiosa conhecida como Eremitas de Monte Vergine, nasceu em Vercelli, em 1085, em uma família piemontesa. Após a morte dos pais, que perdeu ainda criança, viveu com alguns familiares até aos catorze anos, altura em que saiu de casa e, como um pobre peregrino, caminhou até Santiago de Compostela, em Espanha.

Não satisfeito com as dificuldades de uma caminhada tão longa, cingiu a cintura com duas argolas de ferro. Não se sabe ao certo quanto tempo Guilherme permaneceu em Espanha e só voltamos a ter notícias dele no ano de 1106, quando esteve em Melfi, na Basilicata italiana, de onde foi para o Monte Solicoli, em cujo sopé passou dois anos dedicados a uma vida de penitência e oração junto com outro eremita.

É deste período que pertence o primeiro dos milagres realizados por São Guilherme: a devolução da visão a um cego. Essa cura deu-lhe grande fama e, para evitar que o aclamassem como um santo milagroso, deixou a região para se refugiar junto a Sâo João de Matera.

Como os dois perseguiram os mesmos objetivos com o mesmo espírito, tornaram-se amigos íntimos. Guilherme tinha a intenção de empreender uma peregrinação a Jerusalém e não foi convencido por João, que insistiu para que ele ficasse porque Deus lhe havia designado uma tarefa naquele lugar.

Um dia ele saiu, mas não tinha ido muito longe, quando alguns agressores o atacaram. Guilherme interpretou isso como um sinal de que João estava certo, desistiu da peregrinação e voltou para o lado do santo.

Logo retirou-se para uma alta montanha localizada entre Nola e Benevento, que na época se chamava Monte Virgiliano, em homenagem ao grande poeta, que ali parou. A princípio, Guilherme tentou viver ali como eremita, mas logo alguns homens, sacerdotes e leigos, chegaram para solicitar que ele os aceitasse como discípulos.

Guilherme os aceitou, formou com eles uma comunidade e juntos construíram no local uma igreja consagrada a Nossa Senhora, que foi concluída em 1124. Daí até hoje, o monte mudou de nome para se chamar Monte Vergine.

A regra instituída pelo santo era muito severa: vinho, carne, leite e seus derivados não eram permitidos nas refeições e, durante três dias da semana, não havia outro alimento além de vegetais e pão seco. Passado o primeiro entusiasmo, surgiram murmúrios, o descontentamento ficou evidente e houve um pedido geral de modificação da regra.

Guilherme não desejava desagradar seus monges, embora não buscasse alívio para si mesmo. Por isso, escolheu um prior para governar a comunidade e, com cinco companheiros fiéis, deixou o mosteiro em busca do amigo São João de Matera, com quem fez uma segunda fundação em Monte Laceno, na Apúlia.

Porém, a aridez do terreno, a localização do abrigo, exposto aos quatro ventos, e a grande altura da montanha, tornavam a existência miserável para todos, e mesmo os mais dispostos a suportar as adversidades tinham dificuldade em resistir aos ventos congelantes do inverno.

São João insistiu várias vezes para que se mudassem para outro lugar, quando um incêndio destruiu as pobres cabanas de madeira e palha em que viviam e todos tiveram que se refugiar no vale. Ali, os dois santos se separaram: Guilherme partiu para o Monte Cognato, na Basilicata, para fundar outro mosteiro, enquanto João, com a mesma intenção, rumou para o leste, para o Monte Gargano, em Pulsano.

Quando a sua comunidade estava bem estabelecida, São Guilherme impôs-lhe as mesmas regras rigorosas que impôs a Monte Vergine, nomeou um prior e deixou-a desenvolver-se por si mesma. Em Conza, na Apúlia, fundou um mosteiro para homens e em Guglietto, perto de Nusco, fundou duas comunidades, uma para homens e outra para mulheres. Pouco depois, o rei Rogério II de Nápoles o chamou a Salerno para ser seu conselheiro e assistente.

A influência benéfica que São Guilherme exerceu sobre o monarca causou o ressentimento de alguns cortesãos, que não desperdiçaram a oportunidade de desacreditá-lo e fazê-lo parecer um hipócrita pudico. Conhecendo o rei, os cortesãos armaram uma armadilha para o santo e, com qualquer pretexto válido, enviaram-lhe uma mulher de má vida, com instruções para fazê-lo cair no pecado.

Guilherme recebeu a visitante em uma sala com lareira nos fundos, onde ardia um grande fogo. Assim que a mulher começou a exercer suas artes de sedução, o santo caminhou em direção à lareira, afastou as brasas com as duas mãos para que se formasse um estreito vão na fogueira; nesse espaço ele se deitou e convidou a sedutora a se deitar ao seu lado.

Ao vê-lo entrar nas chamas, a mulher começou a gritar de horror; mas depois aleijada ficou sem palavras de espanto, porque Guillerme levantou-se dos caixotes e saiu ileso da chaminé. Esse milagre fez com que a mulher se arrependesse: ela renunciou à sua vida passada de pecado e logo tomou o véu no convento de Venosa. O rei Rogério, por sua vez, deu proteção absoluta ao santo, ajudou generosamente seus mosteiros e ele mesmo fez novas fundações que deu a São Guilherme para governar.

São Guilherme morreu em Guglietto em 25 de junho de 1142. Ele não deixou nenhuma constituição escrita, mas o terceiro abade geral de suas comunidades, Roberto, elaborou um código de regulamentos e colocou a ordem sob o domínio dos beneditinos.

O único dos muitos mosteiros fundados por São Guilherme que ainda existe é o de Monte Vergine. Atualmente pertence à comunidade beneditina de Subiaco e, na sua igreja, conserva uma pintura de Nossa Senhora de Constantinopla muito venerada.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 644-646)

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