SANTA ÂNGELA MERICI (01/06)

SANTA ÂNGELA MERICI, Virgem – 3ª classe
A fundadora das Ursulinas, primeira congregação feminina dedicada ao ensino, nasceu em 21 de março de 1470 ou 1474, na pequena cidade de Desenzano, às margens do Lago de Garda, na Lombardia. Os pais da santa, mais piedosos que ricos, educaram-na cristãmente. Ambos morreram quando Ângela tinha dez anos e deixaram as duas filhas e o filho aos cuidados de um tio rico que morava em Saló.
Quando Angela tinha treze anos, sua irmã mais velha morreu, o que foi um golpe duro; à dor de estar separada de quem para ela era como uma segunda mãe, somava-se a incerteza sobre seu destino eterno, pois sua irmã, uma mulher boa, piedosa e de princípios sólidos, não havia podido receber os últimos sacramentos. Ângela teve, naquele momento, a primeira de suas inúmeras visões, e nela lhe foi revelado que sua irmã havia sido salva.
Cheia de gratidão, Ângela consagrou-se, com maior zelo do que antes, ao serviço de Deus e, pouco depois, tomou o hábito de terciária franciscana. Ela levou uma vida extremamente austera. Imitando São Francisco, não queria possuir nada, nem mesmo uma cama e comia exclusivamente pão, água e alguns vegetais.
Angela voltou para Desenzano após a morte do tio, por volta dos vinte e dois anos. Durante as visitas aos vizinhos, surpreendia-se com o total desconhecimento das crianças, cujos pais não podiam ou não queriam ensinar nem o catecismo mais básico. Aos poucos ela se sentiu chamada a remediar esta situação e conversou sobre isso com alguns amigos. A maioria deles eram terciários franciscanos ou jovens da classe social de Ângela, com pouco dinheiro e menos influência, mas dispostos a seguir generosamente a santa.
Ângela era baixa em estatura, mas tinha todas as qualidades de uma chefe e não lhe faltava beleza e charme. Lideradas por Ângela, as boas mulheres começaram a reunir as meninas do bairro e a educá-las sistematicamente. A obra, que teve um início tão humilde, prosperou rapidamente, e Ângela foi convidada a fundar, em Brescia, uma escola semelhante. A santa aceitou e recebeu cordial hospitalidade na casa de um nobre casal que consolou num momento de tribulação. Através dos seus convidados, ela entrou em contacto com as principais famílias de Brescia e tornou-se a inspiradora de um círculo dedicado de homens e mulheres.
De tempos em tempos, ela fazia uma peregrinação a algum santuário. Encontrava-se em Mântua, onde tinha ido visitar o túmulo da Beata Osanna, quando aproveitou a oportunidade oferecida para acompanhar um jovem parente à Terra Santa. Antônio de Romanis, um comerciante idoso, custeou as despesas de Ângela. Em Creta, a santa sofreu um ataque de cegueira.
Os seus companheiros propuseram-lhe que regressasse à Itália, mas ela recusou e visitou os Lugares Santos da Palestina com tanta devoção, como se os visse com os olhos do seu corpo. Na viagem de volta, quando estava orando exatamente no mesmo local onde havia sido atacada pela doença, ela recuperou a visão.
No Ano Santo de 1525, Ângela foi a Roma para obter a indulgência do Jubileu e teve o privilégio de obter uma audiência privada com o Papa. Clemente VII teria desejado que ela ficasse em Roma para dirigir uma congregação de religiosas hospitalares, mas a santa recusou respeitosamente a honra, por humildade e fidelidade à sua verdadeira vocação. Então ela voltou para Brescia. No entanto, ela teve que deixar a cidade logo, porque, quando as tropas de Carlos V estavam prestes a tomá-la, parecia aconselhável evacuar o maior número possível de civis.
Angela mudou-se para Cremona com algumas de suas amigas e lá ficou até que a paz fosse assinada. Os habitantes de Bréscia receberam-na com alegria no seu regresso, admirando a sua caridade, o seu dom de profecia e a sua santidade. Conta-se que, pouco depois, enquanto assistia à Missa, ela foi elevada em êxtase e permaneceu por muito tempo suspensa no ar, à vista de inúmeras testemunhas.
Alguns anos antes, em Desenzano, Santa Ângela teve a visão de um grupo de donzelas subindo ao céu por uma escada luminosa e ouviu uma voz que lhe dizia: “Tem bom ânimo, Ângela, porque antes de morrer você vai encontrou um grupo de donzelas como aquelas que você acabou de ver.” Pois bem, chegou a hora do cumprimento dessa profecia.
Aparentemente, por volta do ano de 1533 a santa começou a formar diversas jovens seletas numa espécie de noviciado informal. Doze dessas jovens foram viver com ela numa casa perto da igreja de Santa Afra, mas a maioria permaneceu na casa dos pais ou familiares. Dois anos depois, vinte e oito jovens consagraram-se ao serviço de Deus. Ângela colocou-as sob a proteção de Santa Úrsula, padroeira das universidades medievais, a quem o povo reverenciava como guia do sexo feminino.
Por isso, as filhas de Santa Ângela conservaram até hoje o nome “Ursulinas”. 25 de novembro de 1535 foi a data oficial da fundação da Ordem das Ursulinas. Porém, na época da fundadora, era uma associação mais piedosa, pois seus membros não usavam hábito (embora fossem recomendados vestidos pretos), não faziam votos e não viviam em comunidade.
As Ursulinas reuniam-se para o ensino e a oração, realizavam os trabalhos que lhes eram confiados e procuravam levar uma vida de perfeição na casa paterna. A ideia de uma ordem feminina de ensino era tão nova que demorou para o cristianismo se acostumar.
Porém, apesar das mudanças e modificações pelas quais passaram, as Ursulinas preservam, até hoje, o propósito para o qual foram criadas: a educação das meninas, especialmente das meninas pobres. Nas primeiras eleições, Santa Ângela foi nomeada superiora e ocupou esse cargo durante os últimos cinco anos de sua vida.
No início de janeiro de 1540, adoeceu e faleceu no dia 27 do mesmo mês. Em 1544, uma bula de Paulo III confirmou a Companhia de Santa Úrsula e a reconheceu como congregação. A fundadora foi canonizado em 1807.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 416-417)

