Oratório São José

SÃO BERNARDINO DE SENA (20/05)

Santo do dia

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SÃO BERNARDINO DE SENA, Confessor – 3ª classe

São Bernardino nasceu em Massa Marittima, na Toscana, onde seu pai, que pertencia à nobre família sienesa dos Albizeschi, serviu como governador. Bernardino ficou órfão de pai e mãe antes dos sete anos. A tia materna de Bernardino, junto com a filha, cuidou de sua educação; ambas as mulheres, excelentes, criaram-no com piedade e amaram-no como a um filho. Aos onze ou doze anos, Bernardino ingressou numa escola de Siena, onde concluiu com brilhantismo os estudos que os jovens da sua posição faziam na época. Bernardino era muito bonito e tão simpático que todos ficavam felizes na sua companhia.

Mas ele não suportava blasfêmias: assim que ouvia alguém profanar o santo nome de Deus, suas bochechas queimavam e ele repreendia impiedosamente o blasfemador. Certa vez, quando um companheiro seu tentou induzi-lo ao vício, Bernardino bateu-lhe violentamente no rosto; em outra ocasião semelhante, ele incitou seus companheiros a atirarem pedras e lama contra o homem cruel. Mas, salvo aquelas ocasiões em que se indignava com razão, Bernardino foi pacífico e bondoso e, precisamente, ao longo da vida distinguiu-se pela afabilidade, paciência e cortesia.

Aos dezessete anos ingressou numa irmandade de Nossa Senhora, cujos membros se comprometiam a praticar certos exercícios de piedade e a cuidar dos enfermos. Desde então passou também a praticar severas mortificações corporais. Em 1400, uma violenta epidemia de peste eclodiu em Siena.

Entre doze e vinte pessoas morriam diariamente no famoso hospital de Santa Maria della Scala e a maioria das enfermeiras eram vítimas da epidemia. Bernardino ofereceu-se então para assumir o comando do estabelecimento, junto com outros jovens que havia convencido que deveriam sacrificar a vida, se necessário, para assistir os enfermos.

A cidade aceitou os serviços dos piedosos jovens, que trabalharam incansavelmente durante quatro meses, dia e noite, sob a direção de Bernardino. O santo, que assistia pessoalmente os enfermos e os preparava para a morte, também supervisionava o trabalho dos seus companheiros e zelava pela ordem e limpeza do hospital. Vários dos seus companheiros morreram durante a epidemia; Bernardino escapou milagrosamente do contágio e voltou para casa quando a doença desapareceu; mas ele estava tão exausto que uma febre o manteve de cama por vários meses. Quando se recuperou, um dever de caridade o esperava dentro de sua família.

Uma tia dele, chamada Bartolomea, havia perdido a visão e não conseguia sair da cama. Bernardino dedicou-se a cuidar dela com o mesmo zelo que cuidou das vítimas da epidemia. Quatorze meses depois, Deus chamou a si a enferma, que morreu nos braços de seu sobrinho. Agora livre de todos os laços terrenos, Bernardino dedicou-se à oração e ao jejum para saber o que Deus queria dele.

Pouco depois tomou o hábito franciscano em Siena. Mas, como os seus amigos e conhecidos insistiam em ir visitá-lo ao convento, o jovem noviço pediu autorização aos seus superiores para se retirar para o convento do Colombaio, nos arredores da cidade, onde se cumpria a regra de São Francisco em todos os seus aspectos e rigor.

Ali fez os votos, em 1403. Exatamente um ano depois, no dia da Natividade da Virgem, que era também o aniversário do seu nascimento, do seu batismo e da tomada do hábito, recebeu a ordenação sacerdotal.

Pouco sabemos sobre a vida de Bernardino durante os doze anos seguintes. Ele pregava de vez em quando; mas na maior parte do tempo ele viveu retirado. Deus o preparava pouco a pouco para sua dupla missão de apóstolo e reformador. Quando chegou a hora marcada por Deus, Bernardino conheceu a vontade divina de uma forma única. Um noviço do convento de Fiésole, onde Bernardino estava, advertiu-o durante três dias consecutivos no final das matinas: “Irmão Bernardino, não esconda mais os dons que Deus lhe deu.”

Tanto Bernardino como os seus superiores viram nisso um sinal da vontade divina e obedeceram. O santo iniciou sua carreira apostólica em Milão. Ele chegou lá no final de 1417; embora ninguém o conhecesse na cidade, sua eloquência e zelo logo começaram a reunir enormes multidões. Quando terminou de pregar a Quaresma, o povo exigiu dele a promessa de que voltaria, antes de permitir-lhe partir para pregar em outras regiões da Lombardia. No início, Bernardino teve alguma dificuldade em fazer-se ouvir do púlpito; mas a sua voz tornou-se gradualmente mais clara e penetrante graças à intercessão da Virgem Santa, que Bernardino invocava com fervor.

É impossível seguir o santo em todas as suas missões, pois ele pregou em toda a Itália, exceto no reino de Nápoles. Ele sempre viajava a pé; frequentemente pregava por várias horas seguidas e fazia vários sermões por dia. Nas cidades de alguma importância tinha que falar ao ar livre, pois não havia igreja com capacidade para as multidões que vinham ouvi-lo.

Por toda parte aconselhou a penitência, expôs os vícios mais difundidos e difundiu a devoção ao Santo Nome de Jesus. Ao final de seus sermões, expôs à veneração do povo um quadro onde estavam pintadas as iniciais I.H.S. cercado por raios; exortou o público a implorar a misericórdia divina e deu-lhes uma bênção com a pintura. Nos locais onde havia disputas reconciliou os inimigos e instou-os a substituir os escudos dos Guelfos e Gibelinos, que geralmente se encontravam acima das portas das casas, pelas iniciais do nome de Jesus.

Em Bolonha, onde os jogos de azar eram praticados com entusiasmo, o santo pregou com tanto sucesso que os habitantes renunciaram ao jogo e queimaram cartas e dados em público. Um construtor de baralhos queixou-se de que o santo o havia privado do seu único meio de subsistência; São Bernardino aconselhou-o a fazer cartões com as iniciais do nome de Jesus e o comerciante ganhou mais dinheiro com isso do que com os cartões. Em toda a Itália discutiu-se o sucesso das missões de São Bernardino e falou-se de conversões, restituição de bens roubados, reparação de ferimentos e reforma dos costumes.

Porém, não faltaram quem se opusesse à pregação do santo e ele foi acusado de promover práticas supersticiosas. Seus inimigos vieram acusá-lo perante o Papa Martinho V, que o proibiu temporariamente de pregar. Mas, depois de um cuidadoso exame da doutrina e da conduta de Bernardino, o mesmo Pontífice autorizou-o a pregar em todos os lugares. Em 1427, Martinho V propôs a São Bernardino a sé de Siena; mas o santo recusou-se a aceitá-lo e fez o mesmo, mais tarde, com as dioceses de Ferrara e Urbino. Para escusar-se de aceitar, afirmou que se se limitasse a uma única diocese, teria que abandonar muitas almas.

Porém, em 1430, teve que abandonar o trabalho missionário, sendo nomeado vigário geral dos frades de estrita observância. Este movimento da Ordem de São Francisco começou em meados do século XIV no convento de Brogliano, entre Camerino e Assis, mas não conseguiu prevalecer até a época de São Bernardino, que foi o seu segundo fundador e organizador.

Quando tomou o hábito, havia apenas cerca de trezentos frades da observância na Itália; quando ele morreu, já eram mais de quatro mil. Em todas as missões do santo, um grupo de jovens encontrava-se com ele e pedia-lhe admissão em sua ordem, e lhe eram feitas ofertas para a fundação de conventos de observância.

Portanto, não foi surpreendente que a ordem tenha confiado oficialmente ao santo a tarefa de consolidar a reforma. São Bernardino desempenhou o seu ofício com tanta prudência e tato que muitas comunidades do ramo conventual aderiram espontaneamente ao ramo de observância. Os primeiros observantes desprezavam a ciência e as riquezas; mas São Bernardino, que não ignorava os perigos da falta de cultura, especialmente numa época em que os observantes eram solicitados a atuar como confessores, impôs-lhes a obrigação de seguir um curso regular de teologia e direito canônico. O santo possuía uma cultura considerável, como se verifica pelos sermões em latim que compôs em Capriola e pelo fato de, no Concílio de Florença, ter falado aos delegados gregos na sua língua.

Por mais importante que fosse a tarefa que lhe foi confiada, São Bernardino ansiava pelo trabalho apostólico direto, que considerava a sua verdadeira vocação. Finalmente, em 1442, obteve autorização do Papa para renunciar ao cargo de vigário geral. Imediatamente iniciou o trabalho missionário em Romana, Ferrara e Lombardia. O santo, cuja saúde estava muito debilitada, parecia um cadáver; porém, o único luxo que ele se permitia era usar um burro para suas viagens.

Em 1444, pregou uma missão quaresmal em Massa Marittima durante cinquenta dias consecutivos para exortar seus compatriotas a preservar a paz na cidade. Ele também aproveitou para se despedir de sua cidade natal. Embora já estivesse morrendo, continuou seu trabalho apostólico e empreendeu uma viagem a Nápoles, continuando a pregar ao longo do caminho.

Quando chegou a Áquila, já estava exausto. Ali faleceu no claustro conventual, em 20 de maio de 1444, véspera da Ascensão. Ele estava prestes a completar sessenta e quatro anos, dos quais quarenta e dois passou na religião. Ele foi enterrado em Áquila, e Deus honrou seu túmulo com numerosos milagres. Ele foi canonizado seis anos após sua morte.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 339-341)

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