Oratório São José

SANTA MÔNICA (04/05)

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SANTA MÔNICA, Viúva – 3ª classe

A Igreja venera Santa Mônica, santa esposa e santa viúva, que não só deu vida corporal ao famoso doutor Santo Agostinho, mas foi o principal instrumento que Deus utilizou para lhe dar a vida da graça.

Mônica nasceu no Norte de África, provavelmente em Tagaste, a cem quilômetros de Cartago, no ano 332. Os seus pais, cristãos, confiaram a educação da menina a uma governanta que sabia formar os seus alunos, embora ela os tratasse com alguma grosseria. Um dos costumes que ela lhes incutiu foi nunca beber entre as refeições. “Agora querem água”, dizia-lhes, “mas quando forem donas de casa e tiverem a adega à disposição, vão querer vinho, então terão que se acostumar a partir de agora”.

Mas quando Mônica teve idade suficiente para ser convidada a trazer o vinho da adega, ela esqueceu o excelente conselho da governanta; começou bebendo alguns goles às escondidas e acabou bebendo copos inteiros. Mas um dia uma escrava que a viu beber e com quem Mônica brigou a chamou de “bêbada”. A jovem sentiu tanta vergonha que nunca mais cedeu à tentação. Parece que desde o dia do seu batismo, ocorrido pouco depois daquele incidente, ela levou uma vida exemplar em todos os sentidos.

Quando atingiu a idade de casar, seus pais a casaram com um cidadão de Tagaste, chamado Patrício. Este era um pagão a quem não faltavam qualidades, mas tinha um temperamento muito violento e uma vida dissoluta. Mônica teve que perdoá-lo por muitas coisas, mas suportou tudo com a paciência de um caráter forte e disciplinado. Por sua vez, Patrício, embora criticasse a piedade da esposa e a sua liberalidade para com os pobres, sempre a respeitou muito e, nem nas suas piores explosões de raiva, levantou a mão contra ela.

Quando outras mulheres casadas reclamaram com Mônica do comportamento de seus maridos e lhe mostraram os sinais das surras que haviam recebido, a santa não hesitou em dizer-lhes que provavelmente elas mereciam por terem uma língua tão solta. Com o passar do tempo, Mônica, com seu exemplo e orações, converteu ao cristianismo não só o marido, mas também a sogra, mulher de caráter difícil, cuja presença constante na casa do filho havia dificultado ainda mais a vida de Mônica. Patrício morreu santamente em 371, um ano após seu batismo. Três de seus filhos sobreviveram, dois homens e uma mulher.

As ambições de Patrício e Mônica centravam-se no seu primogênito, Agostinho, que era extraordinariamente inteligente, por isso decidiram dar-lhe a melhor educação possível. Mas o caráter caprichoso, egoísta e indolente do jovem fez sua mãe sofrer muito. Agostinho foi catecúmeno na adolescência e, durante uma doença que o colocou à beira da morte, esteve prestes a receber o batismo; mas ao recuperar rapidamente a saúde, adiou o cumprimento de suas boas intenções. Quando seu pai morreu, Agostinho tinha dezessete anos e estudava retórica em Cartago.

Dois anos depois, Mônica teve a enorme tristeza de saber que seu filho levava uma vida dissoluta e havia abraçado a heresia maniqueísta. Quando Agostinho regressou a Tagaste, Mônica fechou-lhe por algum tempo as portas de sua casa, para não ouvir as blasfêmias do jovem. Mas uma visão consoladora que ela teve a fez tratar o filho com menos severidade. Sonhou, de fato, que estava na floresta, lamentando a queda de Agostinho, quando um personagem resplandecente se aproximou dela e lhe perguntou a causa de sua tristeza. Depois de ouvi-la, disse-lhe que enxugasse as lágrimas e acrescentou: “Teu filho está com contigo”. Mônica voltou os olhos para o lugar que ele apontava e viu Agostinho ao lado dela.

Quando Mônica contou a Agostinho seu sonho, o jovem respondeu facilmente que Mônica só precisava renunciar ao cristianismo para estar com ele; mas a santa respondeu imediatamente: “Não me disseram que eu estava contigo, mas que tu estavas comigo”. Esta resposta hábil impressionou muito Agostinho, que mais tarde a considerou uma inspiração do céu. A cena que acabamos de narrar ocorreu no final do ano 337, ou seja, quase nove anos antes da conversão de Agostinho.

Durante todo esse tempo, Mônica não parou de orar e chorar pelo filho, jejuar e vigiar, e implorar aos membros do clero que discutissem com ele, embora estes lhe garantissem que era inútil fazê-lo, dadas as disposições de Agostinho. Um bispo, que era maniqueísta, respondeu sabiamente aos apelos de Mônica: “Seu filho está obstinado no erro, mas o tempo de Deus chegará”. Enquanto Mônica continuava a insistir, o bispo pronunciou as famosas palavras: “Fique calmo, é impossível que o filho de tantas lágrimas se perca”. A resposta do bispo e a lembrança da visão foram o único consolo de Mônica, já que Agostinho não deu o menor sinal de arrependimento.

Aos vinte e nove anos, o jovem decidiu ir para Roma ensinar retórica. Embora Mônica se opusesse ao plano, temendo que isso apenas retardasse a conversão do filho, ela se dispôs a acompanhá-lo se necessário. Foi com ele até o porto onde iria embarcar; mas Agostinho, decidido a partir sozinho, recorreu a um vil estratagema. Fingindo que ia simplesmente se despedir de um amigo, deixou a mãe rezando na igreja de São Cipriano e embarcou sem ela. Mais tarde, escreveu nas “Confissões”: “Ousei enganá-la, justamente quando ela chorava e rezava por mim”.

Muito angustiada com o comportamento do filho, Mônica não deixou de embarcar para Roma; mas ao chegar naquela cidade soube que Agostinho já havia partido para Milão. Em Milão, Agostinho conheceu o grande bispo Santo Ambrósio. Quando Mônica chegou a Milão, teve o indescritível consolo de ouvir do filho que ele havia renunciado ao maniqueísmo, embora ainda não tivesse abraçado o cristianismo. A santa, cheia de confiança, pensou que o faria, sem dúvida, antes de ela morrer.

Em Santo Ambrósio, por quem sentiu a gratidão que se pode imaginar, Mônica encontrou um verdadeiro pai. Ela seguiu fielmente o seu conselho, abandonando algumas práticas a que estava habituada, como levar vinho, legumes e pão aos túmulos dos mártires; tinha começado a fazê-lo, em Milão, como fizera antes em África; mas assim que soube que Santo Ambrósio o proibira porque dava origem a alguns excessos e lembrava o “parentesco” pagão, renunciou ao costume.

Santo Agostinho observa que talvez não tivesse cedido tão facilmente se não fosse Santo Ambrósio. Em Tagaste Mônica observava o jejum de sábado, como era costume na África e em Roma. Vendo que a prática em Milão era diferente, pediu a Agostinho que perguntasse a Santo Ambrósio o que deveria fazer. A resposta do santo foi incorporada ao direito canônico: “Quando estou aqui não jejuo aos sábados; porém, jejuo aos sábados quando estou em Roma.”

Por sua vez, Santo Ambrósio tinha grande estima por Mônica e não se cansava de elogiá-la diante do filho. Tanto em Milão como em Tagaste, Mônica estava entre os cristãos mais devotos; quando a rainha-mãe, Justina, começou a perseguir Santo Ambrósio, Mônica foi uma das que manteve longas vigílias pela paz do bispo e estava disposta a morrer por ele.

Finalmente, em agosto do ano 386, chegou o tão esperado momento em que Agostinho anunciou sua conversão total ao catolicismo. Há algum tempo, Mônica havia tentado arranjar um casamento adequado para ele, mas Agostinho declarou que planejava permanecer celibatário por toda a vida. Nas férias da colheita, retirava-se com a mãe e alguns amigos para a casa de verão de um deles, que se chamava Verecundo, em Casiciaco. O santo deixou escrito em suas “Confissões” algumas das conversas espirituais e filosóficas nas quais passou o tempo de preparação para o batismo.

Mônica participou dessas conversas, nas quais demonstrou extraordinária perspicácia e bom senso e um conhecimento incomum da Sagrada Escritura. Na Páscoa do ano 387, Santo Ambrósio batizou Santo Agostinho e vários de seus amigos. O grupo decidiu partir para África e com esse propósito, os catecúmenos deslocaram-se para Óstia, para esperar um navio. Mas eles ficaram ali, pois a vida de Mônica estava chegando ao fim, embora só ela soubesse disso.

Pouco antes de sua última doença, ela havia dito a Agostinho: “Filho, nada neste mundo me encanta mais. Já não sei qual é a minha missão na terra nem por que Deus me deixa viver, pois todas as minhas esperanças foram realizadas. Meu único desejo era viver até ver-te católico e filho de Deus. Deus me concedeu mais do que eu havia pedido, agora que renunciastes à felicidade terrena e se consagrou ao seu serviço”.

Mônica queria ser enterrada ao lado do marido. Por isso, um dia, quando falava com entusiasmo da felicidade de se aproximar da morte, alguém lhe perguntou se não estava triste ao pensar que seria enterrada tão longe da sua terra natal. A santa respondeu: “Não há lugar que esteja longe de Deus, então não tenho motivos para temer que Deus não encontre meu corpo para ressuscitá-lo”. Cinco dias depois, ela adoeceu gravemente.

Após nove dias de sofrimento, foi receber a recompensa celestial, aos cinquenta e cinco anos. Agostinho fechou os olhos e conteve as lágrimas e as do filho Adeodatos, pois considerava uma ofensa chorar por alguém que morreu tão santa. Mas assim que ficou sozinho e começou a refletir sobre o carinho da mãe, chorou amargamente. O santo escreveu: “Se alguém me criticar por ter chorado menos de uma hora à mãe que chorou durante muitos anos para conseguir que eu me consagrasse a Ti, Senhor, não permita que ele zombe de mim; e, se for um homem caridoso, ajude-me a lamentar meus pecados em Tua presença.”

Nas “Confissões”, Agostinho pede aos leitores que orem por Mônica e Patrício. Mas, na realidade, são os fiéis que se confiam, durante muitos séculos, às orações de Mônica, padroeira das mulheres casadas e modelo das mães cristãs.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 211-214)

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