SÃO PEDRO DE VERONA (29/04)

SÃO PEDRO DE VERONA, Mártir – 3ª classe
Pedro nasceu em Verona, em 1205. Seus pais pertenciam à seita cátara, uma heresia muito semelhante à dos albigenses, que negavam, entre outras coisas, que Deus tivesse criado a matéria. Pedro frequentou uma escola católica, apesar da indignação de um de seus tios, ao saber que o menino não só havia aprendido o Credo dos Apóstolos, mas também defendia o artigo “Criador do céu e da terra”.
Na Universidade de Bolonha Pedro teve que enfrentar todas as tentações, porque os seus colegas eram muito licenciosos. Logo decidiu requerer o ingresso na Ordem de São Domingos e, assim que adquiriu o hábito, o jovem noviço dedicou-se ardorosamente às práticas da vida religiosa, que incluíam o estudo, a leitura, a oração, o cuidado dos enfermos e a limpeza da casa. Mais tarde, encontramos-no dedicado à atividade de pregação na Lombardia.
Uma de suas maiores provas foi ter sido proibido de lecionar e enviado para um convento remoto, pois havia sido falsamente acusado de receber estranhos e até mulheres em sua cela. Um dia, ajoelhado diante do crucifixo, exclamou: “Senhor, tu sabes que não sou culpado. Por que permites que eu seja caluniado?” A resposta do crucifixo foi imediata: “E o que fiz eu, Pedro, para merecer a paixão e a morte?” Envergonhado e consolado ao mesmo tempo, o frade recuperou a coragem e, pouco depois, foi provada a sua inocência.
A partir de então, sua pregação teve mais sucesso. Pedro foi de cidade em cidade para abalar os negligentes, converter os pecadores e reconquistar aqueles que haviam abandonado a religião. À fama de sua eloquência logo se somou a reputação de seus milagres. Assim que aparecia em público, a multidão aproximava-se dele para pedir a sua bênção, apresentá-lo aos enfermos e ouvir a Palavra de Deus.
Por volta do ano 1234, o Papa Gregório IX nomeou Pedro, inquisidor geral dos territórios milaneses. O santo desempenhou o seu ofício com tanto zelo e eficácia, Cremona, Ravenna, Gênova, Veneza e até na Marcha de Ancona, pregou a fé, que a sua jurisdição se estendeu a quase todo o norte da Itália. Em Bolonha, discutiu com os hereges, desmascarou os erros e reconciliou com a Igreja aqueles que a abandonaram.
No entanto, Pedro sabia perfeitamente que os seus sucessos também lhe renderam muitos inimigos e pedia frequentemente a Deus a graça do martírio. Num sermão que pregou no Domingo de Ramos de 1252, ele anunciou publicamente que uma conspiração estava sendo tramada contra ele e que sua cabeça havia sido colocada a preço. “Deixe-os em paz”, acrescentou, “depois que eu morrer, serei ainda mais poderoso”.
Duas semanas depois, quando viajava de Como para Milão, dois assassinos caíram sobre ele, numa floresta perto de Barlassina. Um deles, chamado Carino, bateu-lhe na cabeça e depois atacou o seu companheiro, um frade chamado Domingo. Embora gravemente ferido, o santo não perdeu a consciência e ainda teve tempo de confiar a si mesmo e ao seu assassino a Deus, usando as palavras de Santo Estêvão.
Então, se quisermos acreditar na tradição, ele mergulhou um dedo no próprio sangue e começou a escrever as palavras “Credo in Deum”. Naquele momento, um dos assassinos acabou com ele com outro golpe na cabeça. Era 6 de abril de 1252. O mártir acabava de completar quarenta e seis anos. O irmão Domingo sobreviveu apenas alguns dias.
O Papa Inocêncio IV canonizou São Pedro de Verona um ano após sua morte. Carino fugiu para Forli, onde se arrependeu do seu crime, abjurou a heresia, ingressou na Ordem de São Domingos e morreu tão santo que o povo começou a venerá-lo. Em 1934, os restos mortais de Carino foram transferidos de Forli para Balsamo, sua cidade natal, perto de Milão, onde é venerado.
(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. II, ano 1965, pp. 177-178)

