Oratório São José

A QUARTA-FEIRA DA III SEMANA DA QUARESMA

Ano Litúrgico - Dom Próspero Gueranger

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A QUARTA-FEIRA DA III SEMANA DA QUARESMA

Ano Litúrgico – Dom Próspero Gueranger

A Estação, em Roma, é comemorada na Igreja de São Sisto, na Via Ápia. Hoje se chama Santo Sisto, o antigo, para distingui-lo de outra igreja consagrada à memória do mesmo santo Papa e mártir.

COLETA – FAZEI, Senhor, nós Vos suplicamos que instruídos por estes jejuns salutares e afastando-nos também dos vícios nocivos, obtenhamos mais facilmente o vosso perdão. Por Nosso Senhor.

EPÍSTOLA – Leitura do livro do Êxodo.

PALAVRA do Senhor Deus: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de viveres muito tempo na terra que o Senhor teu Deus te dará. Não matarás. Não cometerás adultério. Não roubarás. Não levantarás falso testemunho contra teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nada do que é dele.” Todo o povo estava assistindo: estrondos, clarões, clamores de trombeta, montanha fumegante. Eles viam, tremiam, mantinham-se à distância. Diziam a Moisés: “Fala-nos tu, nós te escutaremos! Mas que Deus não nos fale: temos medo de morrer!” Moisés disse ao povo: “Não temais, porque o Senhor veio experimentar-vos, e incutir em vós o seu temor, a fim de que não pequeis.” O povo se mantinha à distância, porém, Moisés se aproximou da Nuvem, onde estava Deus. E o Senhor lhe disse: “Fala assim aos filhos de Israel: Vistes que eu vos falei do alto do céu. Não façais deuses de prata; nem fabriqueis para vós deuses de ouro. Mas construí-me um altar de pedra, e nele oferecereis vossas ovelhas e touros, em holocausto e em sacrifício de comunhão, em todo lugar onde o meu Nome for lembrado.”

 

Obrigações para com Deus e para com o próximo – Hoje a Igreja nos lembra dos preceitos do Senhor sobre o próximo, começando com aquele que exige respeito pelos pais. Neste tempo sagrado de reforma e conversão, é útil que os fiéis se lembrem de que nossos deveres para com o próximo dependem da autoridade de Deus. Daí resulta que é o próprio Deus a quem ofendemos quando pecamos contra nossos semelhantes. Deus primeiro exige seus próprios direitos, Ele quer ser adorado e servido, proíbe culto grosseiro dos ídolos, prescreve que se guarde o sábado, os sacrifícios, as cerimônias; mas ao mesmo tempo quer que o homem ame seu próximo como a si mesmo, se declara um vingador de nossos irmãos quando os ofendemos, se não consertarmos o agravo ou injúria. Sua voz é a mesma no Sinai quando reivindica os direitos de nosso próximo quando ensina ao homem suas obrigações para com o seu Criador. Conhecendo a origem de nossos deveres, compreenderemos melhor o estado de nossas consciências e como somos devedores à justiça de Deus. Mas se a lei antiga, gravado em tábuas de pedra, sanciona com tanta autoridade o preceito do amor ao próximo, quanto mais a nova Lei, selada com o Sangue de Jesus morrendo na cruz por seus irmãos ingratos, nos revelará a extensão do preceito da caridade fraterna! Diante de nossos olhos temos essas duas leis; de acordo com este texto duplo, devemos ser julgados. Apressemo-nos em nos conformar às suas prescrições para que se cumpra em nós a palavra do Senhor: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).

EVANGELHO – Continuação do santo Evangelho segundo São Mateus.

NAQUELE tempo, fariseus e escribas de Jerusalém aproximaram-se de Jesus, dizendo: “Por que os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos antes de comer.” Ele respondeu-lhes: “E vós, por que violais o mandamento de Deus em nome da vossa tradição? Porque Deus disse: Honra teu pai e tua mãe, e também: Aquele que maldiz seu pai ou sua mãe será posto à morte. Porém, vós dizeis: Todo aquele que diz a seu pai ou sua mãe: “Os auxílios que poderias receber de mim, fiz deles uma oferta sagrada” já não terá de honrar seu pai ou sua mãe. E vós anulastes a Palavra de Deus em nome da vossa tradição. Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías quando disse: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim; o culto que me presta não vale, as doutrinas que ele ensina são preceitos humanos.” Em seguida, tendo chamado a multidão, ele disse: “Ouvi e compreendei! Não é o que entra na boca, que mancha o homem; mas o que sai da boca, eis o que mancha o homem.” Então os discípulos se aproximaram e disseram: “Sabes que os fariseus se escandalizaram ouvindo esta palavra?” Ele respondeu: “Toda planta que meu Pai celeste não plantou será arrancada. Deixai-os! São cegos condutores de cegos; se um cego conduz um cego, ambos cairão no buraco.” Pedro, tomando a palavra, lhe disse: “Explica-nos esta parábola.” Ele disse: “Vós também não tendes ainda inteligência? Não compreendeis que tudo que entra na boca passa pelo corpo e é posto fora? Mas o que sai da boca provém do coração, e é isto que mancha o homem. É do coração, com efeito, que saem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as orgias, os roubos, os falsos testemunhos, as calúnias. Eis o que mancha o homem! Mas comer sem lavar as mãos, isto não mancha o homem.”

 

As práticas externas – A lei que Deus deu a Moisés prescreveu um grande número de práticas e cerimônias externas, e os fiéis judeus observaram-nas com zelo e exatidão. O próprio Jesus, embora fosse o supremo legislador Se submeteu humildemente. Mas os fariseus acrescentaram tradições e superstições humanas às leis e mandamentos divinos e fizeram da religião uma dessas invenções próprias de seu orgulho. O Salvador sai em favor dos fracos e humildes a quem esses falsos ensinamentos poderiam desencaminhar e restabeleceu o verdadeiro significado daquelas prescrições externas. Os fariseus muitas vezes por dia lavavam as mãos acreditando que se não lavassem as mãos, e até mesmo todo o corpo uma vez por dia, a sua refeição teria sido impuro, como resultado das manchas que tinham contraído com o tratamento e contato de milhares de coisas que não foram indicadas na lei. Jesus quer arrancar esse jugo humilhante e arbitrário e reprova os fariseus por terem pervertido a lei de Moisés.

O que mancha a alma – Então começa a julgar os méritos destas práticas e ensina que existem 110 criaturas impuras por si mesmas e que a consciência de um homem não se mancha pelo mero fato de comer. “O que torna o homem culpado, diz o Salvador, são os pensamentos e atos maus que brotam do coração.” Hereges têm tentado encontrar nestas palavras reprovação das práticas externas impostas pela Igreja e, sobretudo, condenar a abstinência prescrita; nisto merecem se apliquem a eles o que Jesus disse aos fariseus: “São cegos guiando cegos.” Na verdade, o fato de que os pecados que o homem comete em relação às coisas materiais são pecados enquanto envolve a vontade que é espiritual, não significa que esta vontade possa usar inocentemente das coisas materiais quando Deus ou a sua Igreja, que legislar em seu nome, o proíbem. Deus proibiu nossos primeiros pais, sob pena de morte, de comer o fruto de uma certa árvore, eles comeram e se tornaram culpados. Por acaso isso aconteceu porque o fruto era mal em si mesmo? Não, esta fruta era uma criatura de Deus como as outras frutas do jardim, mas o coração de nossos primeiros pais aceitou o pensamento de desobediência e aderiu a ele; neste caso, o pecado foi cometido por ocasião de um fruto. Na lei que Deus deu no Monte Sinai proibiu aos judeus de comer carne a partir de certas espécies de animais. Se as comiam eram culpados por terem desobedecido ao Senhor e não porque aquelas carnes em si fossem amaldiçoadas. Os preceitos da Igreja sobre o jejum e a abstinência são da mesma natureza que as que acabamos de mencionar. A fim de que possamos aplicar a nós mesmos e exclusivamente ao nosso interesse o princípio da penitência cristã, a Igreja nos prescreve a abstinência com certa medida; se violamos sua lei não serão os pratos que mancham a nossa alma, será o revelar-nos contra o poder sagrado que Jesus Cristo nos recomendava ontem energicamente, Ele que se atreveu a dizer, sem distinção de pessoa, que quem não ouvir a Igreja deve ser considerado como um pagão.

ORAÇÃO SOBRE O POVO – Oremos. Humilhai as vossas cabeças diante de Deus.

CONCEDEI, Vos pedimos, ó Deus, que procurando a graça de vossa proteção, sejamos livres de todos os males e Vos sirvamos com a alma tranquila. Por Nosso Senhor.

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